Existencialismo? Ora, Jean-Paul Sartre, claro. Só que essa idéia é um século mais velha que Sartre, seu mais conhecido proponente
|
|
O
existencialismo, um estudo da experiência subjetiva, teve início, realmente, com o
filósofo dinamarquês Søren Kierkegaard (1813-1855). Kierkegaard acusou a filosofia
contemporânea de perder muito tempo com as "essências" leis universais
e realidades tidas como fundamentais. Tais coisas não só são duvidosas, como também
nos fazem desviar a atenção de problemas reais, por exemplo, de como podemos, como
indivíduos, tomar decisões. Em primeiro lugar, Kierkegaard rejeitou a crença idealística de que o bom e o mau tenham alguma realidade objetiva ou essencial. São em vez disso, "verdades subjetivas" que, embora não possam ser provadas ou estendidas a outros, são as bases exclusivas das ações individuais. Por exemplo, sob um aspecto objetivo ou lógico, não podemos dizer que matar seja "mau"; existem circunstâncias, de fato, em que isso é considerado "bom" (por necessidade de autodefesa, digamos, ou na guerra). Na maioria das vezes, não existe um meio de se decidir de forma lógica o curso correto de uma ação. Você não pode calcular como responder a uma injustiça, nem se deve acreditar em Deus. Mas também não pode deixar de tomar decisões ou de ter suas crenças. Existem, claro, algumas verdades objetivas: dois mais dois é igual a quatro, e Napoleão foi derrotado em Waterloo. Mas e daí? Para Kierkegaard, tais verdades por mais interessantes que possam ser não têm aplicação em nossa existência diária, ou em nossas ações e decisões cruciais. O que somos é o que fazemos, acreditava ele. Se queremos verdadeiramente ser, temos que agir. E baseamos nossas ações em nossos valores verdades puramente subjetivas e individuais, matérias de fé, improváveis, mas sumamente reais. Nem a natureza nem a sociedade pode nos oferecer certeza sobre o bom e o mau, o certo ou o errado. O valor de nossas ações e seu mais profundo significado são sempre incertos. Ser humano é agir face a tal incerteza. Os homens e as mulheres, segundo o existencialismo, agem sem autenticidade quando se comportam meramente como joguetes da sociedade, ou simplesmente aceitam os ditames da igreja ou de qualquer outra instituição. Fazer isso é fugir à responsabilidade. |