HYLLUS Eletrônico
ANO 1 , Nº 2. JAN-JUL/98
EDITORIAL
Este é nosso segundo número! Nossa página na internet recebeu 200 visitas desde sua publicação e torcemos para que esse número aumente.
Neste Hyllus, vamos homenagear Julio Cezar dos Reis Almeida, Castro Alves e Benedito Pereira da Costa.
LUZ(*)
A Luz do Sol
No dia que cheguei ao mundo
À vida benzia.
Não sei porque vim
E se isto eu queria
Mas agradeço à vida
Esta dádiva
E esta alegria.
Como todos
Vim dar à luz a minha fisionomia.
Artista, saltimbancos, palhaços, malabaristas,
Trapezistas, domadores, equilibristas, ilusionistas,
Feiticeiros, fetichistas, sádicos e masoquistas.
Mas doce é a alegria de viver.
Autor de erros, vim.
Para aprender e para me refazer.
- Muito prazer, foi ótimo me conhecer.
(*) In "BRASIL: pés descalços, dentes cariados", JULIO CEZAR DOS REIS ALMEIDA, 1ª edição, pág. 99, Editora SER, Brasília (DF), 1998.
O CORAÇÃO (*)
" O coração é o colibri dourado
Das veigas puras do jardim do céu.
Um - tem o mel da granadilha agreste,
Bebe os perfumes que a bonina deu.
O outro - voa em mais virentes balsas,
Pousa de um riso na rubente flor.
Vive do mel - a que se chama - crenças - ,
Vive do aroma - que se diz - amor - ."
(*) In "Poesias Completas de Castro Alves", texto organizado por JAMIL ALMANSUR HADDAD, 4ª edição, pág. 69, Companhia Editora Nacional, São Paulo (SP), 1966.
ÊXTASE (*)Benedito Pereira da Costa
"Sobre a terra o próprio sofrimento
era-me um sonho!" (Fagundes Varela)
Vejo-a todas as noites - mais formosa -
E fico longamente a meditar:
Seria tão bom se a pudesse amar
E acarinhar-lhe a face cor-de-rosa!
Há um desejo em mim: quero-a cheirosa,
Risonha, terna e meiga no falar!
E assim pensando, ponho-me a sonhar,
Vivendo uma ilusão maravilhosa.
Minha esperança vai-se renovando,
E eu não deixo esse amor (nem esmoreço);
A todo instante, nela estou pensando!
Este sonhar tem-me custado um preço
Alto, mas não me importa: vou sonhando...
E, enquanto sonho, vivo e não padeço!
(*) In "Poetismo Brasileiro", BENEDITO PEREIRA DA COSTA, 1ª edição, pág. 18, ABNL Editora, São Paulo (SP), 1997.
ANO 1 , Nº 1. OUT-DEZ/97
EDITORIAL
Este é nosso primeiro encontro! Hyllus nasce com a vontade de ser um jornal jovem e voltado para o que há de moderno na literatura. Vamos trazer trimestralmente informações sobre o que se passa no mundo literário. Contamos com seu apoio, sugestões e contribuições para maior brilho deste espaço. Escreva-nos e envie seus contos, poemas, crônicas, trovas e outros para que possamos divulgar no HYLLUS. Neste número, nossa homenagem a Giovanna C. Oliveira, Abel B. Pereira e Vicente de Carvalho.
POESIAS
VIDA CLANDESTINA
Estou de luto pelas minha quimeras,
Vivendo apenas de tristes saudades.
A vida, que me parece sincera,
Só se restringe a falsas verdades.
Vou divagando por um caminho obscuro,
Tentando encontrar a minha sina.
Sou puro sentimento inseguro.
Conseqüência dessa vida clandestina.
São espectros da minha existência,
A tristeza e a vã melancolia
Que vai tirando da vida a essência
Dilacerada por uma esperança tardia.
Essa lamúria que se expressa em um bramido
Tão íntimo, que eu sempre reconheço,
É o meu âmago, pedindo encarecido
Que eu tenha força pra lutar contra o começo
Do fim de um ideal, enfraquecido
Por essa vida, vivida pelo avesso.
SALDUNES
Faz tanto tempo, amor, que não me lembro
Mais o dia preciso. Foi setembro.
Isto ficou gravado!
No horizonte, um lilás baixava triste,
E tu dizias, com o dedo em riste:
"Tudo está terminado!"
Aquelas três palavras troaram fundo
Na minha alma, e o silêncio profundo
Foi a resposta mais fria!
As esperanças lindas, os castelos
De areia que fazíamos, tão belos,
Morreram nesse dia!
Daí por diante, morri também um pouco:
Andei vagando só e, como louco,
Chamei por ti, querida!
Lá se foram as minhas ilusões:
Nunca mais busquei outros corações
Nem mais sonhei na vida!
E é por isto que choro às primaveras;
Embora amando as flores, das moneras
Eu sou representante!
Primitivo nas minhas dores, nunca
Vou mudar... Morrerei assim: adunca
Imagem de um amante!
A ESSÊNCIA DA BELEZA
Inda continuam dizendo, num deslize:
- Soneto! não há mais, nem mesmo em tradução;
Sem sequer saberem que os bens que têm raízes,
não se destroem assim, com vã oposição.
Da Alemanha, da Itália, Holanda e outros países,
eu, depois de reler soneto em profusão,
ao ver poetas tão contentes, tão felizes,
rebusquei um soneto escrito no Japão!
De nada vale, então, lutar contra a existência
daquilo, que na base, traz a própria essência
da beleza do verso em quadras e tercetos.
A pulsação da vida se alimenta da Arte
que é clareza de luz que esplende em toda parte
qual brilho a refletir nas rimas dos sonetos!
VELHO TEMA II
Eu cantarei de amor tão fortemente,
Com tal celeuma e com tamanhos brados,
Que afinal teus ouvidos, dominados,
Hão de à força escutar quanto eu sustente.
Quero que o meu amor se te apresente
- Não andrajoso e mendigando agrados,
Mas tão como é: - risonho e sem cuidados,
Muito de altivo, um tanto de insolente.
Nem ele mais a desejar se atreve
Do que merece; eu te amo, e o meu desejo
Apenas cobra um bem que se me deve.
Clamo e não gemo; avanço e não rastejo;
E vou de olhos enxutos e alma leve
À galharda conquista do teu beijo.
HYLLUS Eletrônico
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