Os nadis são canais do corpo sutil. Não podem ser vistos
fisicamente. Sua existência apenas pode ser verificada pela experiência
e pelo refinamento da percepção. Não estou aqui afirmando
que eles existem. Muitos problemas já foram causados por crenças
cegas e infundadas. O adepto deve descobrí-los por si próprio.
Também não pretendo entrar em detalhes quanto à anatomia
do corpo sutil. A descrição que darei abaixo baseia-se muito
mais em experiência pessoal que em pesquisas literárias.
A tradição antiga fala de milhares de nadis. Seriam como
vasos sanguíneos levando a energia sutil (prana) por todo
o corpo. Para o Tantra os mais importantes são três: Sushumna,
Ida e Píngala.
Sushumna: O principal nadi. Vai do chacra Muladhara, localizado entre o órgão genital e o ânus, até o chacra Sahashara no topo da cabeça. Quando a energia da Kundalini flui sem obstáculos entre estes dois chacras, o adepto alcançou a meta. Nada mais há a ser realizado. A questão aqui não é tanto conseguir essa proeza, mas conseguir sustentá-la. Durante a meditação por muitas vezes se atinge o Samadhi (equivalente à fusão dos dois chacras). Mas quando se volta à atividade a dualidade retorna e as identificações com o campo relativo da vida enfraquecem o estado de unidade.
Píngala: Parte também do Muladhara mas pelo lado direito e vai até a narina esquerda dando voltas em torno de Sushumna. É a energia quente de Kundalini (aspecto masculino). Aqui se encontra um dos maiores perigos do despertar da energia da serpente. Se Kundalini começar a se elevar por esse nadi sem a contrapartida de Ida (a energia fria), o processo se tornará pior dos pesadelos. O adepto será literalmente queimado. Ou ao menos essa será a sensação decorrente. Esse foi o caso de um indiano chamado Gopi Krishna, relatado no seu livro "O despertar da Kundalini", onde ele narra sua experiência avassaladora.
Ida: É a contrapartida de Píngala, partindo do
lado esquerdo do Muladhara e terminando na narina direita. No caso de Gopi
Krishna, foi sua descoberta que estabilizou o processo e salvou-lhe a vida.
É a energia fria de Kundalini e também seu aspecto feminino.
Aqui é de suma importância que o adepto desenvolva qualidades
femininas. Não que ele deva tornar-se afeminado. Já disse
que o Tantra é para poucos (muito poucos). Significa desenvolver
suavidade, graça, afeto, sutileza, coisas das quais os homens com
H têm verdadeiro pavor. Significa também olhar para o mundo
com os olhos de uma mulher. Não é por acaso que o Tantra
é considerado o "culto da feminilidade" e o verdadeiro homem tântrico
é na verdade extremamente feminino.