Eu percebera que meu koan particular não necessitava de uma resposta falada. Não havia nada que eu pudesse dizer, nada que eu pudesse fazer. Para solucioná-lo eu precisaria tornar-me alguma coisa, atingir um certo nível. E nesse nível eu encontraria o mestre e ele reconheceria meu silêncio. Mas um mestre é um homem de muitos níveis.
Ele me havia dito como atingir o nível requerido. Eu tinha de meditar e, como segundo exercício, tinha de tentar e ser consciente. Sentar em posição de meditação, ficar desperto enquanto vivia minha vida.
Eu jamais poderia forçá-lo a aceitar minha resposta. Não havia nada a dizer, e portanto eu deveria ficar quieto, mas há muitas maneiras de um homem ficar quieto.
E não adiantava nada ter pressa, talvez isto fosse tudo que eu já tinha aprendido. Eu não podia apressá-lo. Talvez o silêncio correto viesse, talvez não. E o que é que eu deveria fazer entretempo?
Eu devia dar o melhor de mim.
É o que o Buda disse quando morreu. Ele sabia que seus discípulos esperavam por um último conselho.
“Dêem o melhor de vocês”, disse ele, e morreu.
Na minha impaciência eu dizia freqüentemente ao mestre que estava dando o melhor de mim, mas ele nem ligava. De qualquer modo, não era verdade. Ele sabia exatamente o que eu estava fazendo, e tudo que queria ouvir era a resposta correta, ou talvez quisesse vê-la, e continuava me mandando embora e me dizendo para voltar na manhã seguinte, às 4 ou às 3 e meia, dependendo da época do ano. E sempre que eu ia vê-lo estava escuro, fazia frio e o silêncio era mortal.
J. Van De Wetering