Não existiu nenhuma forma de vida no nosso planeta em sua infância. A atmosfera estava cheia de uma mistura tóxica de amoníaco, metano, água e hidrogênio, trovões quebravam o silêncio pelo céu, relâmpagos iluminavam de vez em quando a superfície, mas ninguém podia observá-los. Formavam-se quantidades mínimas de aminoácidos e nucleotídeos em cada relâmpago, e estas moléculas críticas foram se acumulando gradualmente nos oceanos terrestres. Entre estas ocorreram ocasionalmente colisões, unindo pequenas moléculas e formando outras maiores. No decorrer de bilhões de anos, a concentração de moléculas complexas aumentou: surgiu eventualmente uma cadeia completa de DNA. Foi deste modo que se atravessou o limiar da matéria inorgânica para o organismo vivo.

Se foi assim criada a vida na Terra, ela pode surgir espontaneamente em qualquer outro ambiente planetário e evoluir para seres complexos, desde que seja possível dispor de grandes quantidades de tempo. Os estudos de fósseis sugerem que a vida surgiu numa altura indefinida durante os primeiros bilhões de anos da história da Terra. Aparentemente, a extensão de tempo necessária é aproximadamente de um ou dois bilhões de anos.

O nosso conhecimento do ciclo de vida de uma estrela indica que o período necessário estará à disposição para a evolução química da vida em qualquer planeta que gire em torno de uma estrela semelhante ao Sol. As estrelas mais massivas que o Sol consomem-se muito rapidamente para poderem fornecer o tempo necessário.

Nebulosa de Caranguejo vista de um planeta sem condições de habitar vida

As estrelas menores que o Sol são favoráveis, desde que tenham planetas suficientemente próximos para elevar as temperaturas a um nível agradável. Todas as estrelas do tamanho do Sol, rodeadas por um ou mais planetas que estão aproximadamente à mesma distância delas como a Terra está do Sol deveriam, sem dúvida, fornecer condições favoráveis para o desenvolvimento de organismos vivos.

Planeta que orbita uma estrela de baixa massa, nos estágios finais de sua vida

No grande número de planetas destas estrelas devem existir alguns que se assemelhem bastante à Terra. Sejam tais planetas relativamente poucos em número, tão raros como um em um milhão, mesmo assim o número de planetas semelhantes à Terra será ainda 100 mil só na nossa galáxia.

Planeta semelhante à Terra

Sem dúvida a maior parte destes corpos são rochas sem vida, banhados por mares estéreis. Mas em alguns, situados a distâncias favoráveis dos seus "sóis", o ambiente é adequado à formação de nucleotídeos e aminoácidos - as unidades constituintes da vida. Nestes planetas, a sucessão de processos inanimados dá lugar a um padrão de evolução química, complexa e auto-repodutora. A vida surgiu na Terra como produto desta seqüência de acontecimentos, durante os primeiros bilhões de anos da sua existência. Os organismos primitivos eram muitos simples, pouco mais do que moléculas gigantes imersas nas águas do planeta. Durante os milhões de anos que se seguiram, estas moléculas orgânicas se desenvolveram, formando uma variedade rica de plantas e animais que habitam atualmente a Terra.

Em face disto, podemos manter a nossa convicção de que a Terra é o único planeta com vida? Toda a vida na Terra depende de moléculas básicas, que são formadas de átomos simples. Estes átomos são iguais aos átomos que existem em qualquer outra estrela e planeta do Universo. Além disto, há razões para se acreditar que as mesmas leis físicas e químicas se aplicam em todas as partes dos Cosmos. Sendo assim, a cadeia de reações físicas e químicas que levaram a surgir a vida na Terra pode também ter ocorrido em outros planetas.

Isto nos leva a concluir que formas de vida semelhantes à nossa podem ter se desenvolvido na nossa galáxia, em outros planetas semelhantes à Terra, bem como em planetas de outras galáxias. Se houver vida, qual a probabilidade de ser vida inteligente? Considerando esta questão, temos que pensar que acredita-se que a nossa galáxia tenha cerca de 10 bilhões de anos. A Terra tem aproximadamente 5 bilhões de anos, e por isso foi formada quando a galáxia já existia há 5 bilhões de anos. Deste modo, devem existir muitas estrelas na Galáxia que são bilhões de anos mais velhas que o Sol. Em torno de algumas desta estrelas mais velhas giram planetas semelhantes à Terra nos quais se pode ter desenvolvido vida. Se assim for, esta vida é mais velha muitos bilhões de anos que a vida terrestre.

A ciência moderna tem somente 300 anos. A nossa capacidade para radiocomunicar a grandes distâncias, tal como descobrirmos meios de viajar pelo espaço limita-se à este século. É muito pouco provável que qualquer sociedade em outro planeta tenha se constituído no mesmo período de tempo que o Homem, tenha se desenvolvido ao mesmo ritmo e tenha chegado precisamente ao mesmo nível tecnológico que nós atualmente. Temos que pensar, porém, que algumas destas sociedades extraterrestres devem ser primitivas em relação à nossa assim como outras devem ser mais avançadas. Estas mais avançadas já devem ter dominado a técnica de radiocomunicação interestelar melhor que nós. Sendo assim, estas comunidades interestelares podem, um dia, se comunicar conosco antes de nós as encontrarmos.

Planetas onde a vida inteligente é mais desenvolvida que a nossa. No primeiro exemplo (da esquerda) á vista a maior rede de engenharia do planeta, ao anoitecer. No segundo (da direita), os seres inteligentes desenvolveram uma espécie de habitação anelar em torno do planeta, resolvendo o problema da superpopulação.

As fotos desta página foram todas retiradas do livro Cosmos, de Carl Sagan.

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