Relatividade
irreverente
|
. |
Einstein,
a garota e a grelha quente
Tentando
tornar os conceitos da relatividade mais acessíveis aos leigos,
Albert Einstein certa vez fez uma afirmação que se tornaria
famosa:
"Quando
um homem senta ao lado de uma bela garota durante uma hora, parece que
não durou mais que um minuto. Mas quando ele senta sobre uma grelha
quente por um minuto, parece que durou mais do que qualquer hora. Isso
é relatividade."
Essa frase
é na verdade o abstract de um artigo curto escrito por Einstein
e publicado em um jornal hoje inexistente: Journal of Exothermic Science
and Technology (JEST, vol. 1, No. 9, 1938) e quem relata o fato é
Steve Mirsky, no Scientific American, edição de setembro/2002.
Os grandes teóricos sabem que as hipóteses devem ser confirmadas
através da experiência. Assim sendo, Einstein não
poupou esforços (nem algumas partes do corpo) na realização
do experimento que devia servir de base à sua explicação
simples da relatividade.
Os estudiosos
de Einstein discordam, mas o experimento da bela garota e da grelha quente
também deve ter levado a mais uma das suas inspiradas observações,
do tipo: "Se soubéssemos o que era aquilo que estávamos
fazendo não seria chamado pesquisa, seria?"
Einstein era um gozador. Veja a explicação dele para a comunicação
sem fio:
"O
telégrafo sem fio não é difícil de entender.
O telégrafo comum é como um gato muito comprido. Você
puxa o rabo dele em Nova York e ele mia em Los Angeles. O telégrafo
sem fio é a mesma coisa, só que sem o gato."
Essa citação
sempre fazia Schrödinger perder o sono quando ia para a cama.
Veja
o artigo na íntegra:
Efeitos
da percepção sensorial externa sobre a dilatação
do tempo
A. Einstein, Institute for Advanced Study, Princeton, N.J.
Abstract
Quando um homem se senta ao lado de uma bela garota durante uma
hora, parece que durou um minuto. Mas quando ele se senta sobre
uma grelha quente durante um minuto, parece que durou mais que qualquer
hora. Isso é relatividade.
Objetivo
Como o referencial do observador é crucial para a sua percepção
do fluxo do tempo, o estado mental do observador pode ser um fator
adicional nessa percepção. Portanto, procurei estudar
o aparente fluxo do tempo sob dois conjuntos distintos de estados
mentais.
Materiais
e Métodos
Procurei obter uma grelha quente e uma bela garota. Infelizmente,
conseguir uma grelha quente foi proibitivo, uma vez que a mulher
que cozinha para mim proibiu-me de chegar a qualquer lugar próximo
da cozinha. Entretanto, consegui obter sub-repticiamente uma chapa
de ferro cromado para fazer waffles, da marca Manning-Bowman and
Co., ano 1924, que, para este experimento funcionou como um equivalente
razoável de uma grelha quente de fogão, pois é
capaz de atingir uma temperatura suficientemente alta.
Encontrar
a bela garota já foi mais difícil, uma vez que agora
moro em Nova Jersey. Conheço Charlie Chaplin, pois em 1931
fui à estréia do filme "Luzes da Cidade"
em sua companhia, de modo que solicitei que me agendasse um encontro
com sua esposa, a estrela de cinema Paulette Goddard, a possuidora
de uma shayna punim, ou belo rosto, de um altíssimo
nível.
Discussão
Tomei
o trem para Nova York a fim de encontrar com Miss Goddard no Oyster
Bar, no Grande Terminal Central. Ela estava radiante e maravilhosa.
Quando me pareceu que um minuto tinha se passado, consultei o relógio
e descobri que, na realidade, tinham transcorrido 57 minutos completos,
os quais arredondei para uma hora.
Ao voltar para casa, liguei a chapa de fazer waffle e deixei-a esquentar.
Em seguida, sentei-me sobre ela. Eu estava usando calças
e uma camiseta branca, comprida, por fora das calças. Quando
me pareceu que mais de uma hora tinha transcorrido, levantei-me
e consultei o relógio e descobri que, na verdade, menos de
um segundo tinha se passado. Para manter consistência de unidade
na descrição das duas circunstâncias, arredondei
para um minuto, depois do quê chamei um médico.
Conclusão
O estado mental do observador desempenha um papel crucial na percepção
do tempo. |
voltar
para o S A B I O |