Lendas

Verdades ou mentiras?


Em uma ilha na Indonésia, os antigos nativos pescavam uma baleia por ano. Desta baleia, eles só retiravam o necessário. Sempre na Primavera, quando eles a pescavam, surgia uma névou sobre a ilha. A névoa surgia para que Deus não visse sua bela criatura ser morta.

Os gregos da antiga Grécia tinham-se impressionado muito com os ternos e afetuosos cuidados que os filhos das cegonhas têm pelos pais. Quando os pais, por uma idade avançada, perdem as penas, as pequenas cegonhas despojam-se, a favor dos pais, de sua penugem, e sustentavam-lhes com o produto de suas caçadas. Por esta observação criou-se neste antigo país, a lei da cegonha (lex ciconia), em virtude da qual os filhos eram obrigados a sustentar os seus velhos pais. A lei era severa para aqueles que a violavam e que eram considerados infames.

O cisne era ave consagrada a Apolo, como deus da Música, em virtude do seu melodioso canto ao expirar, e também a Vênus, não só pela esplendente alvura, como ainda por se lhe atribuir temperamento semelhante ao da deusa voluptosa... Na Índia, o cisne é a montada de Brama e chama-se Hamsa. Nos tempos pré-históricos, o cisne tirava o carro do Sol, figurado por um disco.

O crocodilo, na Antiguidade, era animal sagrado para os egípicios. Os sacerdotes do Egito vinham às margens do Nilo trazer a carne, o pão para o sustento diário do animal. Honravam-se quando um filho ou um parente havia sido imolado pelos crocodilos. Era altíssima distinção de que toda a família muito se orgulhava.

Perto da cidade de Teluk Anson, na Malásia, há um túmulo em cuja lápide se lê o seguinte: "Está enterrado aqui um elefante que em defesa de seu soberano descarrilou um trem. Setembro - 17 - 1.894"

No suntuoso salão do palácio Sans-Souci, na Alemanha, há uma aranha de ouro que faz parte da decoração da histórica residência de Frederico. No teto do palácio, em letras douradas, lê-se o seguinte: "Uma aranha salvou a vida de Frederico, o Grande, foi um aracnédeo que caiu na taça de chocolate que o imperado ia ingerir. Recusando o líquido por esse motivo, salvou-se, pois o chocolate estava envenenado."

No sagrado Vale das Borboletas, vivia Naipi, filha do cacique Igobí, tão bela que desde cedo foi dedicada ao culto de M'Boy Cy (deus serpente) simbolizado na forma material dos rios Iguaçu e Paraná, com suas curvas. Uma espécie de virgem vestal, Naipi, ao atingir certa idade, deveria contrair matrimônio (ser lançada ao Rio Iguaçu) com M'Boy, e, a nenhum mortal era dado o direito de vê-la nadando ou tocá-la. Tarobá, porém, quebrou esse tabu...
Vindo com as tribos vizinhas para as festas do matrimônio, o valente guerreiro a viu nadando, falou com ela e perdeu-se em profundo amor, sendo por ela correspondido. Ficou estabelecido que o dia final do matrimônio seria o dia da fuga dos amantes. Quando a lua cheia brilhou no horizonte e toda a tribo, inclusive o cacique, o pajé e M'Boy dormiam, embebedados pelo cauim, Tarobá tomou Naipi nos braços e, juntos, embarcaram numa pequena canoa. Tarobá, porém, nervoso, remava com tanta ansiedade que o ruído de seus remos despertou M'Boy, que furioso e enciumado pediu auxílio a seu pai, o deus supremo do universo: Tupã. Tupã deu então, a seu filho, poderes sobrenaturais que transformou-o, de fato, em uma serpente enorme, que contorcendo-se em todas a extensão do Iguaçu, abalou toda a Terra. A escuridão tomou conta da região. Durante anos tudo se transformou em poeira e trevas, até que pouco a pouco, a paz voltou ao vale. Voltaram as borboletas, as flores e os animais. Naipi teve seu espírito petrificado e transformou-se numa linda rocha. Tarobá, que a tinha agarrada a seus pés, transformou-se numa delgada palmeira. E os animais puderam ver, pela primeira vez que, pela enorme cratera formada pelos solavancos da cauda de M'Boy, as águas do Iguaçu formavam caudalosamente, numa beleza sem par, mais de trezentas cachoeiras, formando as Cataratas do Iguaçu. Quase diariamente se pode ver um arco-íris ligando a rocha à palmeira. É o véu de amor de Naipi, envolvendo Tarobá, seu eterno amante. M'Boy porém, embora adormecido, se encontra, permanentemente em observação, encolhido, à espreita, dentro da Garganta do Diabo"

Há muitos muitos anos, tantos que ninguém sabe quantos, vivia numa ribeira em Macassar, na ilha de Celébes, um crocodilo. Era um crocodilo muito velho. Tão velho e cansado que já nem forças tinha para conseguir apanhar os peixes da sua ribeira. Quase morto de fome, decidiu um dia partir e meter terra adentro. Pensou ele que seria mais fácil encontrar em terra o alimento de que precisava e que já não conseguia apanhar na água.
Andou, andou, mas não encontrou nada com que matar a fome: nem um porco, nem mesmo um simples cão.
Decidiu, então, regressar à ribeira. Mas, cada passo custava-lhe ainda mais do que o anterior. E com o calor a queimá-lo, via já a hora em que cairia por terra, morto, transformado em pedra, longe do sítio onde sempre tinha vivido.
Valeu-lhe a tempo um rapaz, aparecido não se sabe de onde e que, com pena do pobre velho crocodilo, decidiu ajudar. Com muito esforço conseguiu arrastá-lo até à ribeira.
Grato, o crocodilo fez-lhe ali mesmo uma promessa: a partir daquela altura, seria ele a transportar o rapaz. E iria levá-lo, às costas, por águas de rios e de mares, sempre, até onde o rapaz quisesse. Mas, a fome, fez-lhe um dia esquecer a promessa, e o crocodilo decidiu comer o rapaz. Valeu, desta vez, ao rapaz, a intervenção dos outros animais. Todos sem excepção mostraram ao crocodilo como estava a ser ingrato. Envergonhado e arrependido, o crocodilo decidiu, então, que estava na altura de cumprir o que prometera: com o rapaz às costas, partiu mar fora à procura das terras onde nasce o Sol.
Nadou, nadou até que a velhice e o cansaço o impediram de continuar. Ainda teve tempo para pensar em regressar ao ponto de onde partira, mas já nem forças teve para se pôr a caminho. De repente, o velho crocodilo sentiu que os seus membros paralisavam, e que todo ele se transformava em pedra e em terra e cresceu, cresceu, até que se tornou numa ilha.
O rapaz levantou-se e caminhou ilha fora. Depois parou, abarcou a ilha em forma de crocodilo num só olhar e resolveu chamar-lhe Timor, ou seja Oriente que é o que Timor quer dizer em língua malaia.
Ao mesmo tempo, e com espanto, o rapaz reparou que já não era mais um rapaz mas um homem e que pendurado no seu pescoço tinha um disco de ouro... o Sol com que o crocodilo sempre sonhara.
E foi assim que nasceu Timor e o primeiro timorense.

Imagem modificada do dedo de Deus
da Obra de Michaelangelo