Introdução.
Ao longo do tempo, como foi visto nos capítulos iniciais, a curiosidade de saber como a Terra era, sua forma e de que material era ela feita, levou muitos pesquisadores a buscar algum método que desvendasse os segredos do planeta. Muitas dessas tentativas foram válidas e tiveram sucessos parciais. Outras, mesmo sem muito sucesso, prosseguiram caminho até o estágio atual ascendendo ao status de ciência, sem que seja questionado o seu valor como tal. Alguns estudaram as montanhas, outros os vulcões e as formas da topografia. Muitos estudaram os animais e os vegetais da biosfera e os fósseis dos animais e vegetais do passado enterrados na rocha. Aparelhos foram experimentados na esperança de que eles indicassem onde se escondiam as riquezas da Terra ou como era ela por dentro; desde os rabdomantes e suas sensíveis varinhas até os mais modernos aparelhos geofísicos 2D, 3D, 4D etc. Os radiestesistas faziam teorias e até reles adivinhos, também tentaram soluções para problemas geológicos. Até pouco tempo os advinhos tinham papel relevante nas pesquisas geológicas, como foi o caso de determinada senhora em passado recente, que chegou a ser consultora de uma das grandes mineradoras do país.
Contavam-se, pesavam-se e mediam-se as areias e os matacões. Estudavam-se e mediam-se as rochas do campo visitando seus afloramentos. As amostras eram tratadas tecnicamente (lâminas delgadas) para serem observadas através da luz nos microscópios. A gravidade foi medida. A idéia sobre a propagação das ondas dentro da crosta da Terra, foi uma aventura onde se gastou muito dinheiro com pesquisas sem sucesso. Outros aparelhos ditos geofísicos como perfis elétricos de superfície e subsuperfície, gravímetros etc, foram inventados e ainda são empregados, mesmo sem grande sucesso. Foram criadas novas ciências com nomes estranhos e sem maiores conseqüências como a geomorfologia, geocronologia, geomatemática e outras mais, que, após longo uso, demonstram por si mesmas não passarem de ciências de bases duvidosas, cujos resultados, muitas vezes descambam para a antieconomia. Em suma, dezenas de caminhos foram tentados na esperança de solucionar o problema de como fazer ou construir os mapas geológicos, e até hoje continuamos sem eles.
De fato, atualmente, não há mais lugar para qualquer das práticas usadas antigamente no campo. São relíquias do passado. Não há qualquer necessidade de coleta de amostras com fins petrográficos, geocronológicos, paleontológicos etc, etc. Foi um expediente usado por geólogos antigos na esperança de que os laboratórios, para onde eram enviadas tais amostras, ajudassem a determinar a formação geológica sob estudo, fornecendo sua idade, sua constituição etc. A prancheta, a alidade e o barômetro ficaram sem utilidade e passaram aos museus
substituídos pelos atuais GPS, enquanto a bússola e o martelo ficam restritos a uso mais raro e específico.
Especialmente na exploração de petróleo, o que tem de estar presente para decidir o método correto a ser aplicado é o fato da situação da área em exploração ser ou pertencer a uma das duas possibilidades geológicas:
O Mapeamento Regional
Também pode ser chamado de mapeamento global ou mapeamento estratigráfico ou ainda mapeamento histórico. É o mapeamento das formações geológicas e sua distribuição geográfica e espacial. Só pode ser feito em escalas reduzidas.
O trabalho é feito tendo como bases as imagens de radar de visada lateral, em escala reduzida entre 1/250.000 e 1/400.000 de maneira obter em cada imagem, pelo menos 18.500 km2 de terreno afim de poder obter partes significativas de uma formação geológica.
A finalidade do mapeamento é separar as diversas formações geológicas e determinar as suas vocações econômicas para a pesquisa de minérios e minerais, combustíveis e qualquer outra riqueza relacionada ao desenvolvimento e o progresso de qualquer povo que as possua.
Imagens de radar substituem as fotos vantajosamente, especialmente pelo fator iluminação que nas fotos (sensor passivo) é vertical e nas imagens de radar (sensor ativo) é lateral. Usar os dois sensores é uma vantagem para o geólogo no campo, mas é anti-econômico para o patrocinador. As fotos podem então ser substiuidas pelo Global Positioning System (GPS) resolvendo-se o problema da localização.
O mapa é feito no campo a medida que o trabalho vai se desenrolando. A reambulação deve ser feita antes do início do trabalho de campo, e ser completada a medida que desenrola-se o mesmo. De fato, a reambulação modernamente, já vem impressa na base o que facilita tudo. O material do trabalho, além das imagens e fotos incluem escalas, lápis de cor e a caderneta de anotações dos detalhes para a confecção do relatório final, trabalho que deve ser feito durante a viagem.
Completa a lista de materiais para o trabalho de campo, um carro novo, confortável para dois geólogos e seus apetrechos pessoais e técnicos. Rádio, telefone celular e outros meios de comunicação, são essenciais, mesmo que o serviço público de comunicação atualmente em uso, sejam eficientes para o trabalho. Atualmente, qualquer cidade por menor que seja, tem um escritório das grandes centrais telefônicas.
Uma equipe ideal, é formada por três geólogos seniores de mesma experiência, para revezamento nas três atividades (descritas adiante) que são exercidas durante a viagem. Com vistas a economia, uma equipe de dois geólogos também funciona. As equipes tem de ser harmoniosas e qualquer dissensão que haja entre os componentes da mesma, ela terá de ser dissolvida e recomposta.
Não há sede de campo para a confecção do mapa regional. O carro não somente é o transporte, mas é também o escritório. O planejamento do trabalho deve incluir possibilidades do local do descanso pela noite, que deverá ser sempre confortável desde que possível. Problemas geológicos, burocráticos ou mecânicos, dependendo da sua gravidade são socorridos pela própria equipe e em casos mais graves pelo escritório central.
As funções exercidas dentro de uma equipe são três e devem ser revezadas ao longo do trajeto por acordo mútuo:
Este tipo de mapeamento só pode ser realizado após o mapeamento estratigráfico. A razão mais forte que concorre para que os mapas atuais estejam errados, é a tendência de se fazer primeiro os mapas de detalhes e com eles compor os mapas regionais, invertendo o processo técnico de como se fazem mapas. O resultado e o aparecimento de uma verdadeira colcha de retalhos que são unidos artificialmente, aparecendo o exercício do acochambramento dos contatos de unidades não geológicas e o aprofundamento dos erros e artificialismo das conclusões e a antieconomia.
O relatório do mapeamento regional deverá conter a reambulação tanto geográfica, como mineral suas minas e ocorrências. Estas então e em seguida, deverão ser avaliadas pelos geólogos da área econômica segundo um mapeamento chamado de detalhes. Este mapa é feito em áreas localizadas, com a sede fixa em localidade do interior onde são confeccionados os mapas em escalas convenientes, cerca de 10% maiores que os mapeamentos regionais, abrangendo somente a parte interessante para a explotação. Nesta fase é que são colhidas amostras de mão para exames microscópicos, as lentes de bolso tem bastante aplicação e podem ser empregados outros expedientes corriqueiros neste tipo de serviço. Não há mais preocupação com a estratigrafia, pois de modo geral a exploração se faz em apenas uma formação geológica.
Em Subsuperfície
Para investigar e avaliar a subsuperfície temos somente um método, tanto para petróleo como para minerais: a perfuração de poços.
Minérios e minerais preciosos, que forem encontrados em superfície, há que se construir galerias, bancadas etc, assunto tratado pela engenharia de minas, fugindo ao escopo da geologia.
Os métodos auxiliares como a Paleontologia, perfilagem elétrica, sísmica de refração e/ou de reflexão, e a gravimetria não tem aplicação confiável e sendo métodos muito caros, os benefícios deles advindos, não valem a pena ser usados.
Perfis elétricos
Este método, muito usado especialmente na exploração de petróleo, tem sua base na resistividade elétrica que apresenta uma formação em subsuperfície e outras características físicas da mesma. De fato, existem fatores outros que influenciam as curvas desenhadas pelo estilete do instrumento, que, tendo origem na arquitetura da formação, são desconhecidas pelos interpretes dos perfis, e esse desconhecimento dá resultados negativos na interpretação, que se refletem na economia, e que podem levar uma companhia à falência. Fatores relacionados com o tectonismo da sedimentação, afetam os perfis de maneira sutil, os quais são confundidos com o objeto da pesquisa, forçando a testes, muitas vezes desnecessários, planos de perfuração e injeção de gás e/ou água, caríssimos com resultados desastrosos. Em compensação, o contrário também é verdade e o prejuízo é de mesma grandeza, especialmente na exploração de petróleo: poços com muito petróleo são tamponados e abandonados porque os perfis indicam zonas sem interesse para hidrocarbonetos, abandonando-se em subsuperfície, quantidades apreciáveis de petróleo.
Em suma, as curvas desenhadas pelo estilete dos perfís elétricos, no ambiente da exploração, nada tem a ver com a ocorrência ou não de hidrocarbonetos e minerais. Somente a coincidência da ocorrência de petróleo com os cálculos e a interpretação positiva dos perfís leva a que se descubra um novo campo de petróleo ou de minerais. Fácil de prever-se, é que na maior parte das interpretações, essa coincidência não acontece e perde-se muitas das minas em subsuperfície. Existem outros tipos de perfis para medir vários dos parâmetros da perfuração, alguns indispensáveis, sendo outros substituídos por uma técnica apurada do ato mecânico da perfuração. Atualmente, faz-se, literalmente, um buraco e desce-se dentro dele instrumentos vários e sofisticados para corrigir seus defeitos. Nossa recomendação é que se construa um poço perfeito dispensando-se o uso posterior de instrumentos verificadores de defeitos. Em suma, perfís, fotos ou imagens, interpretadas por técnicos de qualquer gabarito, sem conhecimento da geologia estratigráfica da área a ser explorada, é desastre certo. Na exploração de petróleo, melhor que os perfís, são os testes de formação a poço aberto, e mesmo esses, se não forem precedidos de uma perfuração extremamente cuidadosa e tecnicamente irrepreensível, pode levar ao abandono de áreas de primeira categoria. Qualquer nível estratigráfico dentro de uma formação geológica em exploração deve ser avaliada através do teste de formação e em muitos casos, os testes a poço revestido podem levar a novas descobertas. Ter em mente que as condições da sedimentação que afetam os perfís, afetam da mesma maneira os testes, obliterando condições texturais da rocha levando a avaliações equivocadas, e ao abandono de preciosos reservatórios de hidrocarbonetos. Essas recomendações são feitas especialmente para exploração das bacias brasileiras, cujas características sísmicas (bacias localizadas em áreas distensivas), só admitem esse tipo de avaliação.
Sísmica
Foi e ainda é, um dos métodos mais usados, especialmente para determinar estruturas passíveis de serem portadoras de petróleo e minerais segundo teorias antiquadas. Supunha-se e especulava-se que os hidrocarbonetos se acumulavam nas partes altas daquelas estruturas, idéia aparecida no século XIX e conservada por tradição até hoje, a qual prejudica os atuais exploradores. A sísmica procurava e continua procurando a existência dessas estruturas (blocos altos, horsts, anticlinais etc), limitadas por falhas inexistentes, onde então eram ou são furados os poços. Também, segundo os geofísicos, seria possível determinar as formações geológicas, seus topos e bases, (algo esdrúxulo chamado de estratigrafia sísmica) ou melhor dizendo, seus contatos em subsuperfície, algo impossível de ser conseguido com os recursos desse método. As variações faciológicas laterais, os contatos ondulados devido à topografia das discordâncias, a ocorrência de conglomerados, a existência de rochas ígneas como diques e derrames, confundem o método forçando o interpretador a determinar pseudo-estruturas que perfuradas se revelam secas e geram teorias que anulam o aproveitamento de áreas de grande valor exploratório. Em palavras mais simples, as rochas em subsuperfície que deveriam ser compreendidas através do método geofísico, atrapalham, tanto os instrumentos por mais sofisticados que sejam, como os interpretes que ficam sem base de raciocínio geológico, anulando qualquer valor que o método tivesse. O problema passa para a economia: método caríssimo e resultados nulos, recomendam seu abandono para a exploração.
GravimetriaÉ um método bastante experimentado, mas é apenas parte do passado. Aproveita a medida da gravidade na esperança de determinar que alguma anomalia, como estruturas em subsuperfície, possa alterar a medida da gravidade que é lida nos instrumentos. A teoria da variação da gravidade é real. Difícil ou impossível é distinguir entre a gravidade natural devida à massa da Terra, e a residual dependente da anomalia existente na subsuperfície. Instrumentos e equipes muito caras aconselham o abandono do método diante dos acanhados resultados obtidos em longa e custosa experiência de campo.
Paleontologia
Não é método exploratório. Estuda antigas formas de vida, preservadas no corpo da rocha após a sedimentação, e que, criteriosamente estudados, podem esclarecer problemas localizados da evolução. Durante muito tempo desempenhou o papel de datar e caracterizar formações geológicas, determinando muito dos grandes fracassos exploratórios, especialmente de petróleo.
Perfuração de Poços
A perfuração do poço é o método em si mesmo. O estudo das amostras e testemunhos da rocha penetrada pelas brocas ou coroas, os cuidados tomados durante a perfuração para controle dos danos causados pelos fluidos usados na perfuração, o estudo da profundidade dos níveis importantes (topo dos níveis mineralizados, de reservatórios de petróleo, contato de formações geológicas), alargamentos das paredes, controle dos "dog-legs" etc, constituem os próprios meios da exploração. Feitos com absoluto controle de qualidade, constituem as informações precisas e preciosas para que a avaliação econômica da pesquisa seja perfeitamente compreendida. Não adianta furar poços com rapidez ou pressa batendo records de metros/unidade de tempo, pois eles não passarão de buracos caros. Os poços pioneiros feitos para avaliação de qualquer riqueza mineral/orgânica, devem ser obras de arte do método. Pioneiros bem feitos e avaliados criteriosamente, dão uma resposta econômica ou constituem investimentos de primeira grandeza. Tanto servem para evitar investimentos inúteis em áreas pobres, como para incrementar a velocidade e o número de poços e acelerar a exploração e reversão dos investimentos aplicados em áreas prolíficas. O peso sobre a broca, a velocidade da mesa rotativa, o peso do fluido de perfuração, a pressão das bombas são parâmetros que, controlados com perfeição, transformam o poço em uma fonte de informações de rara importância, permitindo avaliações próximas do ideal e consequentemente de alto valor custo/benefício. As modificações que podem ser introduzidas nos parâmetros acima mencionados, só a experiência do campo pode recomendar.