Introdução
O tempo é misterioso para quem o estuda fora do contexto geológico.
Para facilitar a compreensão do assunto vamos dividí-loem duas partes. Na primeira veremos o tempo como tratado entre os humanos. Na segunda veremos o que é e como se conta o tempo geológico.
Observação importante: notar que o objeto do estudo é o mesmo. O enfoque é diferente.
Tempo Humano
O tempo é uma proporcionalidade ou uma comparação que se faz entre o movimento das coisas e objetos na Terra e os movimentos da própria Terra. Assim o tempo padrão é configurado nos dois principais movimentos da Terra:
Geologicamente falando, o tempo é contínuo, cíclico e absoluto, só existe no planeta Terra e somente é usado pelas pessoas humanas. As velocidades dos objetos são variáveis relativas aos movimentos da Terra.Diz-se que o tempo é contínuo porque a Terra não para nunca, e nunca parou desde os tempos mais remotos.
Tempo e Idade
Por conceito, todos os objetos físicos da Terra estão em perpétuo movimento, porque a Terra está em movimento. Nada está parado, e, por isso, todas as coisas ficam velhas ou aumentam de idade. A idade então é relativa a determinados pontos convencionados entre os humanos. Desse modo, algumas coisas são mais antigas ou mais velhas que outras e conseqüentemente, que outras sejam mais jovens ou mais novas. Observar a diferença geológica entre tempo e idade. O tempo é cíclico contínuo e absoluto. A idade é descontínua e relativa entre fatos ou a pontos convencionais arbitrados.
Como todos os objetos ficam situados sobre o mesmo globo, as idades relativas permanecem para sempre. Alguma coisa que seja mais velha ou mais nova do que outra, permanecerá nessa situação para sempre até desaparecer (Princípio Fundamental da Estratigrafia). Ninguém e nada pode se tornar mais novo do que a si próprio. Um acontecimento qualquer sobre o globo terrestre será mais velho ou mais antigo do que os que os sucedentes e mais novo dos que os antecedentes.
A compreensão desses conceitos determina que: não existe tempo negativo e muito menos paradoxos! (O Universo Numa Casca de Noz Tradução de Ivo Korytowski. Revisão técnica de Augusto Damineli. 5a Edição S.Paulo. Editora Arx. Pgs 9 e 11)
De fato, a Terra gira sempre no mesmo sentido de oeste para leste para todas as coisas que existem sobre ela.
Tempo e velocidade tem o mesmo denominador comum chamado movimento. O espaço não. Ele é independente e é o lugar onde se fazem ou se dão os movimentos.
O tempo, pode ser representado por um espaço e o espaço pode ser representado pelo tempo de qualquer coisa em movimento, porém são entidades independentes e não se misturam. Na Terra, para que qualquer movimento se realize, gasta-se determinado tempo que é comparado ao movimento da Terra como padrão. Por exemplo, a distancia ou o espaço entre duas cidades quaisquer é de 2.000km e um avião de carreira cobre-a em duas horas de vôo a velocidade de 1.000km/h. O espaço de 2.000 km é estático e lê-se em um mapa em determinada escala onde pode ser mostrado. As duas horas indicam que, para que o avião chegue à outra cidade, a Terra girou 30 graus desde a saída do avião, até sua chegada e não pode ser mostrado a outrem. Usa-se uma das medidas dependendo da conveniência do comunicador.
O mesmo se passa quando as medidas são muito grandes, havendo possibilidade de usar outra escala para distâncias astronômicas, as quais não interessam para fins práticos dentro da Geologia. Por exemplo, diz-se que a Terra está aproximadamente a oito minutos-luz do Sol ou a 150.000.000 km de distância, admitindo a velocidade da luz em cerca de 300.000 km/s. Isto quer dizer que a Terra girou oito minutos de oeste para leste para um raio de luz saído do Sol chegar à Terra. A velocidade da Terra é uma coisa, ou o tempo é uma coisa, e o espaço (distância Sol Terra) é outra. Elas não se misturam.
Unidade de Tempo
O segundo geológico vale 30,92m que se obtém dividindo a circunferência da Terra no equador (40.074.249m) por 1.296.000 segundos daquele circulo. Geologicamente falando,
a unidade do tempo geologico é o segundo do circulo representado pelo equador da Terra, cujo centro é a projeção do eixo de rotação no plano do equador..Corresponde à abertura dos lados de um ângulo a uma distância de 6.378,188 Km igual ao raio equatorial da Terra ao nível do mar. Esta medida não é usada.
O tempo (humano ou geológico) fica registrado ou se perde. Ele é registrado pelas coisas físicas do dia-a-dia (nascimento das pessoas, formatura, casamento, morte ou qualquer outro evento: eleições, inaugurações, descobrimentos etc etc). Geologicamente falando, todo o tempo da Terra depois da solidificação da litosfera, está registrado nas rochas que a formam e continua se registrando atualmente pela acumulação de detritos nas bacias marinhas. Dessa maneira, dizemos que o tempo geológico inteiro está registrado na espessura das formações geológicas, podendo assim ser recuperado e/ou estudado. Observar então, que a diferença entre tempo humano e tempo geológico, é apenas de escala. Na escala humana, podemos medir séculos, décadas, anos, dias, horas, minutos, segundos e frações de segundos conforme a necessidade de precisão. Na escala geológica deixa-se essa terminologia e passa-se a usar palavras adequadas para representar maiores e menores intervalos de tempo, que são chamados de períodos e eras.
Assim entendido o tempo não pode ser contraido, dilatado ou encurvado pois não se pode contrair, dilatar ou encurvar os movimentos de rotação e translação do globo terrestre. Dessa maneira, as idéias sobre hiper-tempo, quinta dimensão, tempo pluridimensional da mecânica quântica, constituem apenas violações da idéia simples do que seja o tempo na Terra, violações estas que tornam difíceis, os fenômenos naturais. Para essa classe de idéias, os cientistas não-geólogos têm de arranjar uma nova palavra para funcionar com aquelas teorias.
Levando em consideração que só recentemente o Reino Unido aceitou o sistema métrico decimal, que os calendários dependem de cada povo, de cada cultura e de todo o folclore religioso, crenças e crendices‚ natural que a compreensão do conceito de tempo geológico ainda custe um pouco para ser admitido entre os cientistas, daí porque as teorias complicadas que apareceram nos últimos anos sobre o tema. Para se ter idéia sobre a complexidade do assunto tempo consultar a seguinte literatura.
Há necessidade do conhecimento da evolução do globo para que tal conceito possa ser compreendido em toda a sua simplicidade. A complicação existente sobre o tema, é a evidencia de que existe erro cometido na base do raciocínio das teorias em voga como resultado do artificialismo dos conceitos. Na realidade, a confusão sobre o tema decorre apenas de ser uma assunto puramente geológico, estudado por religiosos e cientistas estranhos à área (físicos, matemáticos, paleontólogos e geocronólogos), tentando soluções sem base estratigráfica.
Os sistema de pesos e medidas conhecidos (MKS, CGS, SI.) tem seus valores-padrão aqui na Terra. A unidade do tempo tem seu padrão baseado nos relógios, não no comportamento da Terra. Se o padrão for o giro do globo, os relógios poderão ser acertados por ele e não ao contrário como se procede atualmente. O giro do globo ao redor do seu eixo tem precisão rigorosa para o funcionamento do dia a dia humano. O grande mérito será o de facilitar todo o conhecimento da ciência e da previsão do futuro da humanidade aqui na Terra.
Tempo Geológico
O tempo geológico ou tempo natural é diferente do tempo humano por ter uma abangência muito maior em todos os sentidos. É o tempo registrado na própria estrutura da Terra. É representado pela espessura das diversas formações geológicas que formam a litosfera.
Ele pode ser redimensionado, sem depender de determinações paleontológicas ou geocronológicas, governado apenas pelos seus contatos na sucessão vertical, dentro da Segunda Lei da Sedimentação. Realmente, a confusão sobre o tempo geológico baseado na existência ou não de fósseis, ou em número de anos como faz a chamada geocronologia, denota apenas que é errado proceder dessa maneira, e por isso os métodos devem ser abandonados. Não é o fóssil que data a rocha. Ao contrário, a rocha é que data o fóssil.
O tempo geológico, dito acima, é marcado pela sucessão vertical das rochas que formam a litosfera ou crosta terrestre e não implicam número de anos. A crosta é formada de onze camadas, correspondentes a períodos de tempo e estão distribuídos em duas eras: antes e depois da fragmentação continental.
Antes da fragmentação, ao tempo do continente original, sedimentaram cinco formações geológicas correspondentes a cinco períodos de tempo e após a explosão da Terra, que fragmentou o super-continente, surgiram mais seis formações que determinaram períodos de tempo correspondentes. O mecanismo de sedimentação de cada formação foi explicado na História Geológica deste trabalho, e pode ser visto no quadro abaixo onde aparece a Coluna Estratigráfica e a correspondente divisão do Tempo Geológico.
O quadro é o resultado da observação das formações geológicas conforme ocorrem no campo, fazendo cada uma delas derivar um períodos de tempo. Dessa maneira, sendo onze as formações que formam o arcabouço do subcontinente sulamericano, são onze também os períodos do tempo geológico.
As eras, que são compostas de períodos, foram três. A primeira não foi registrada e por isso foi chamada de Prepangaeiânica, isto é, o tempo da Terra ainda em estado incandescente. A segunda era, é aquela correspondente a existência do continente único ou monocontinente e por isso chamada de Pangaeiânica, por corresponder ao tempo da existência de Pangaea como foi batizada por Alfred Wegner (1880-1930), a grande ilha original, em seu trabalho de 1912 Die Entstehung der Kontinente und Ozeane (The Origin of Continents and Oceans). Finalmente a terceira era foi chamada de Atlantiânica, levando em conta que foi nesse tempo que realizaram os movimentos que determinaram o aparecimento do Oceano Atlântico, ou quando se fragmentou o supercontinente.
A tabela do tempo apresentada na figura é global e poderá ser verificada em outros continentes.
Calendários
Todos os calendários são baseados em festas religiosas e cada povo tem o seu. Entretanto é possível conceber um calendário único baseado nos movimentos da Terra.
O ano tropical é o ano natural marcado exatamente em dois pontos definidos na órbita da Terra: os equinócios. Escolhendo-se um deles o nó de descida ou o nó de subida para início e fim do ano. Qualquer programa de computador poderá dividir esse tempo em número exato de dias, semanas e mêses e uniformizar um calendário universal sem referências às festas de cada povo. Essas datas, seriam recolocadas no novo calendário, sem quebrar qualquer tradição.
Por não ser um problema geológico, é aqui abandonado para ser estudado por outros cientistas.