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                                                                 BREVE HISTORIAL DA CIDADE   

                                                                     Zona Ribeirinha

 

A Freguesia de Amora é limitada a Norte pela enseada do rio Tejo, a Oeste pela Freguesia de Corroios, a Sul pelo Concelho de Sesimbra e a Este pela enseada do Tejo, rio Judeu e Freguesia de Arrentela.A Freguesia de Amora goza de uma situação geográfica privilegiada. Possui uma grande área que é banhada por dois braços do rio Tejo (um que termina a Nordeste, em Corroios e o outro a Sul, na Torre da Marinha) e que, portanto, facilita o contacto com o exterior, por via fluvia. Por via terrestre foi sempre um ponto de passagem importante entre Cacilhas e o Sul (Azeitão, Setúbal e Sesimbra), funcionando como parte do corredor que liga a capital ao Sul do País.Amora, bem como as outras povoações ribeirinhas do Concelho do Seixal, devem a sua origem e desenvolvimento à força atractiva dos esteiros do rio Tejo que garantiram, desde a Idade Media, uma vida fluvial intensa. Os braços do rio Tejo que aqui entram pela terra dentro, formando vias fluviais, facilitaram a aproximação do conjunto de povoações que constituem o Concelho do Seixal e uma ligação permanente com Lisboa. Foi o rio Tejo que uniu, desde há muitos anos, as povoações do Concelho que apresentam características muito semelhantes, sobretudo nas actividades económicas desenvolvidas na região. Pois os moradores da Amora eram homens do mar, carreiros, mateiros, moleiros, trabalhadores e lavadeiras, como refere o livro das "Visitações", no início do século XVIII. Por aqui se pode apreciar a grande variedade de actividades que se desenvolveram nesta Freguesia desde há longos anos e que, de um modo geral, eram comuns a todas as Freguesias do Concelho do Seixal.Amora é uma povoação bastante antiga. Já é referenciada no século XIV. Assim, em 1384,Fernao Lopes, na Crónica de D. João I, refere esta povoação ao localizar as galés do Mestre de Avis, que se encontravam abrigadas no braço do rio Tejo, que fica entre o Seixal, Arrentela e Amora, durante as lutas com os castelhanos .A Freguesia de Amora, pertenceu ao Concelho de Almada até 1836, ano em que foi criado o Concelho do Seixal. A partir de então, ficou a fazer parte deste Concelho, juntamente com as Freguesias do Seixal, Arrentela e Paio Pires. O território da actual Freguesia de Corroios esteve integrado no de Amora ate 1976 (a Freguesia de Corroios também é muito antiga, pois, segundo parece, data do século XIV mas, no início do século XIX, foi anexada à Amora). Em 1895, quando o Concelho do Seixal foi extinto, Amora voltou de novo a pertencer a Almada até 1898, ano da restauração do Concelho do Seixal.Segundo nos informam documentos do século XVI e XVIII, o núcleo populacional mais antigo desta Freguesia formou-se em Cheira Ventos que outrora se designava por Amora Velha. Mas a força atractiva do esteiro levou a Amora a estender-se para junto do rio, ficando então constituída por dois núcleos principais - Amora de Baixo, à beira do rio, e Amora de Cima, junto da Igreja - para além das quintas de fidalgos que eram bastantes nesta Freguesia.A riqueza económica desta Freguesia assentava, desde a Idade Média, na cultura da vinha e na exploração de lenha e madeira da extensa floresta que se estendia até à Arrábida, fazendo parte da Coutada que é descrita, em 1381, por D. Fernando.No século XVI, na Freguesia de Amora, eram localizadas variadíssimas vinhas, como se pode concluir da leitura de um livro "Das Escrituras de Aforamentos" referente a este território. Vejamos o nome de algumas vinhas referidas nesse livro, porque nos ajudam a compreender a sua extensão: "Vaíle de Pessegueiro" (pagava de foro 1335 rs.) "Vinha do Pinhal", "Fonte da Prata", "Vaíle de Loba", "Valle de Crespim", que vai da Igreja para Amora a Velha (Cheira Ventos), (pagava de foro 200 rs.), "Cascalheira", "Caza de Pão" (Já próximo de Santa Marta de Corroios)...O vinho produzido nos campos da Amora era de excelente qualidade, pois, quando no início do século XVI, Garcia de Resende e Gil Vicente destacavam o vinho do Seixal pela sua qualidade, e Gaspar Frutuoso o apontava como o melhor do Reino, era ao vinho produzido nas terras do território do Concelho do Seixal que se referiam. Este produto agrícola já era exportado no século XVI, como nos sugere Garcia de Resende na sua "Miscelânea".

Esta Freguesia a partir da segunda metade do século XIX, começa a sentir os efeitos da maquina a vapor. Assim em 1862 já existia uma fábrica de moagem e descasque de arroz. Alguns anos depois em 1888,  fundada a fábrica da "Companhia de Vidros da Amora", na "Quinta dos Lobatos" à beira do rio Judeu, onde se construiu um cais de embarque para os produtos fabris e matérias primas, respectivamente.

Este estabelecimento fabril, especialmente dedicado ao fabrico de garrafas e garrafões, foi o primeiro do género a ser construído no País. Em 1900 já fabricavam 4 941 729 garrafas. Com esta fábrica, de grande interesse não só para a economia local, mas também para a nacional, foi reduzida a importação de garrafas e garrafões que até então se adquiriram em Inglaterra e Alemanha.

Junto da fábrica foi construído um bairro operário, que ainda se pode observar, onde foram instalados os operários garrafeiros que inicialmente, vieram de Inglaterra, mas, devido ao "Ultimatum" inglês, foram repatriados pouco tempo depois. De seguida, foram substituídos por 30 operários especializados oriundos de Hamburgo.

Entre os vários efeitos provocados pela instalação desta fábrica, deve salientar-se o desenvolvimento do movimento associativo na Freguesia. Assim, em 1898 foi fundada pelos operários a "Sociedade Filarmónica Operaria Amorense" e em 1905 for criada uma Caixa de Auxílio Mutuo. Também nesta fábrica as greves, que por várias vezes a fizeram parar, testemunham como, com a unidade dos operários, foi possível obter vitórias para os trabalhadores no que respeita aos seus direitos.

Mais tarde, outras fábricas se ergueram na Freguesia, tais como a Fábrica da Pólvora da Companhia Africana, em Vale de Milhaços, fundada em 1899 (que ainda funciona), a Fábrica de Cortiça "Queimado e Pampolim", "Mundet", "Sociedade Portuguesa de Explosivos" em 1928 e depois transferida para Santa Marta, "Construtora Moderna", etc... Durante este século também se instalaram estaleiros navais em Amora.

                      Zona Ribeirinha                                     Palácio de Cheira Ventos                                            

Antero Ferreira