AJUDA
AOS SOLDADOS |
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Lutaram durante longos anos, muitos tombaram em combate, muitos
foram presos, torturados, assassinados. Os sobreviventes mantiveram bem alta a bandeira da
resistência ao ocupante. Amados e apoiados pela população, no meio de privações e
sofrimento, prepararam as condições da vitória. São os guerrilheiros das Forças
Armadas de Libertação Nacional de Timor-Leste, são os soldados das Falintil. Hoje, o ocupante saiu da sua terra; hoje, Timor-Leste está em transição para a independência e será, já é, o mais novo Estado independente do Terceiro Milénio. Com a Administração Transitória das Nações Unidas e com o apoio da comunidade internacional, o Povo Timorense enfrenta as dificuldades desta nova etapa da sua história, tanto maiores quanto o ocupante, na sua retirada, se dedicou a uma nova onda de destruição. Houve quem quisesse desarmá-las, houve quem quisesse tratá-las como um grupo de irregulares, quem quisesse relegá-las para segundo plano e, mesmo, humilhá-las: não consentiram, defenderam a sua condição de Exército do Povo Timorense, afirmaram a sua dignidade e exigiram o reconhecimento internacional. O Presidente da República Portuguesa e o Secretário-Geral das Nações Unidas prestaram recentemente a merecida homenagem às Falintil. |
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Aileu, a 40 quilómetros de Díli: ali está instalado o Quartel-General das Falintil.
O seu Comandante-em-Chefe é o Kay Rala Xanana Gusmão, o seu Chefe de Estado-Maior é o
Vice-Comandante Taur Matan Ruak. Continuam hoje o seu combate ao lado do seu povo. Nas
piores condições, não se vendem, não aceitam a via das facilidades. Vivem na maior das
misérias, mas não perderam a generosidade. O seu lema é servir, o seu orgulho é o
sacrifício, a sua filosofia é a disciplina na abnegação.
Sabíamos que assim era. Mas, com tantos milhões que têm sido prometidos, quem poderia
imaginar que os guerrilheiros das Falintil viviam nas condições que nos foram
recentemente descritas? |
Pergunta-se: Mas não haverá em Aileu colchões, casas mais ou menos em bom estado e os
simples utensílios do dia-a-dia, que contribuem, mesmo minimamente, para a dignidade
humana? Parece que sim, que os há, mas são "monopolizados" pelos funcionários da ONU, do mesmo modo que os poucos fundos que chegam já a Timor são canalizados para o pagamento dos salários desses mesmos funcionários. Além de que as promessas parecem tardar em cumprir-se... Ramos-Horta insurgiu-se contra esta situação junto dos representantes da Administração Transitória presentes em Aileu, declarando que, uma vez chegado a Díli, falaria com o próprio Sérgio Vieira de Mello sobre a forma de resolver o problema e que, se Vieira de Mello não pudesse intervir, ele mesmo "trataria do asssunto". Ramos-Horta disse-lhes ainda que fizessem um relatório aos superiores e que não omitissem o que ele pensava daquela situação.
A disciplina dos homens e mulheres das Falintil é exemplar. Senão, como explicar que se
tenham mantido acantonados, por ordem de Xanana, quando dos piores massacres das milícias
pró-Indonésia, para não criar pretextos a retaliações sobre a população nem
dificultar a intervenção da comunidade internacional? Senão, como explicar que aceitem
ser tratados como o último dos pedintes, quando as organizações humanitárias (dignas
de respeito, mas pouco sensíveis à índole e dignidade dos que socorrem) monopolizam as
instalações em bom estado e os poucos recursos disponíveis? |
A violência destruiu os meios de subsistência em Timor-Leste. As dificuldades são
enormes, e os soldados das Falintil distribuíram os poucos fundos que lhes chegaram às
mãos pelas viúvas e órfãos dos companheiros mortos em combate, que vivem "ainda
em pior situação". Os guerrilheiros das Falintil vivem numa situação de quase indigência! Que sentimento anima estes homens e mulheres para tão bem terem sabido lutar e tão bem saberem esperar, respeitando os acordos com as forças internacionais de paz? É necessária tanta coragem para resistir aos ataques das milícias como para esperar que as forças de paz obriguem a Indonésia a desarmá-las e para esperar que lhes seja reconhecida a dignidade que merecem. As notícias que nos chegam de Aileu são as notícias dos eternos esquecidos, dos últimos a serem socorridos, a continuação do sacrifício dos que deram tudo ao seu povo e ao seu país. O FAF foi
criado para apoiar as Falintil e entregou já directamente ao Comandante Ruak, em Lisboa
(11/12/99), a pequena quantia de 1.000 contos em donativos destinados às viúvas e
órfãos. Mais teríamos entregue, se mais tivessemos e se mais nos tivessem enviado!
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Responsáveis: Ângelo Santana Barreto e Helena M. dos Santos Av. de lEquinoxe, 56 - 1200 Bruxelas Bélgica Tel: (02) 779 51 12 E-mail Se puder responder a este apelo, envie um cheque para a morada indicada ou faça um depósito numa das seguintes contas bancárias: Portugal:
34580820 (Banco Português do Atlântico Agência Poço do Bispo); *Este Apelo Urgente foi enviado, em Março,
a vários jornais portugueses com pedido de publicação. |
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Correspondência de Timor Loro Sae UMA REFEIÇÃO PARA AS FALINTIL |
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Caro amigo do Povo de Timor Loro Sae, Chegam-nos novos apelos de Díli e de Aileu, onde está o acampamento das Falintil. As condições de vida dos guerrilheiros das Falintil e das suas famílias são péssimas. A correspondência que a seguir publicamos dispensa comentários. Ser solidário com o Povo de Timor Loro Sae é também contribuir para melhorar a vida dos mais necessitados desse povo mártir e espoliado. Talvez possamos abdicar de um dos nossos prazeres quotidianos e enviar uma refeição para as Falintil. Caro amigo: Lê esta correspondência que nos chega de Timor, lê o nosso Apelo Urgente e decide segundo a tua consciência. Ajuda a nossa campanha de recolha de fundos para as Falintil. Não esqueças que o silêncio é irmão gémeo da injustiça. |
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E-mail do FAF para Díli 02:24 13/04/00 -0700 Bruxelas, 13 de Abril de 2000 Espero que as coisas estejam a correr o melhor possível, embora as notícias que temos não sejam encorajadoras: atrasos imensos na reconstrução, uma certa desorganização, e mesmo algumas notícias mais preocupantes de desinformação ao nível do próprio interior do CNRT. Por nós, desde que tudo isto não passe de "aleas da democracia", e que Timor-Leste consiga ultrapassar esta fase de transição e formar um país novo com os ideais que levaram os timorenses a lutar tão duramente, está tudo bem. O que os dirigentes timorenses fizerem a contento da maioria da população será concerteza bem feito. Mas escrevo-vos sobretudo para dizer que recebi
finalmente do banco o extracto de conta que informa a retirada do cheque de 1.000 contos
oferecido pelo FAF em Lisboa ao Comandante Ruak. Não sei quem o levantou nem onde, mas
gostaria de saber se esse dinheiro vai ser aplicado para os efeitos combinados, ou seja,
viúvas e órfãos das Falintil. Um abraço solidário Se quiser depositar algum contributo directamente na conta indicada, comunique ao FAF o seu nome, data e quantia para que estes dados sejam enviados directamente ao Comandante Taur Matan Ruak, tal como é pedido no seu e-mail.
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Resposta de Díli 13 Apr 2000 18:49:53 +0700 Queridos Ângelo e Helena, Até parece mentira, mas o Comandante Ruak
esteve hoje aqui em casa e conversámos sobre a situação no acantonamento das FALINTIL
em Aileu. Banco: Banco Nacional Ultramarino O Comandante Taur pede ainda para que,
caso consigam angariar fundos e transferí-los, seja avisado da data da transferência e
do montante, para ele ir mantendo controle e acusando a recepção. Um forte Abraço |