Juristas debatem
"Lei da esteira"
e Constituição
de Timor-Leste
26.05.00
Formação da
polícia timorense,
a herança deixada
por Coelho Lima 24.05.00
Limpar
e organizar
os mercados de Díli
24.05.00
Imposto de 10 por cento
sobre serviços
gera polémica em Timor 18.05.00
Xanana Gusmão
quer medidas
urgentes para
controlar inflação
16.05.00
85 % do
território já tem
electricidade
16.05.00
Conferência da
FRETILIN: analisar
o passado para
construir o futuro
15.05.00
Primeiras receitas
fiscais atingem
400 contos
12.05.00
Inauguração dos
Correios com primeiras
cartas para Jorge
Sampaio e Koffi Annan
02.05.00
ONG e Falintil
participam em
reunião do Conselho
Nacional Consultivo
06.04.00
UNTAET cria
Conselhos
Consultivos Distritais
com a participação
de Timorenses
5.04.00
Projecto de
actividades para
comunidades pobres
04.04.00
Timorenses sem
preparação têm de
construir uma nação
a partir de
escombros
30.03.00
Relatório da
UNTAET
30/31.03.00
75 por cento das crianças
matriculadas
em escolas
24.03.00
Eleições em
Timor-Leste
no ano 2001
16.03.00
Da escravatura à
violência doméstica:
O drama da mulher
timorense
13.03.00
Crianças reduzidas
a um número -
Entre as preocupações de Taur Matan Ruak:
reunir as famílias
separadas e criar
uma ONG para as
viúvas e orfãos das
Falintil
Março 2000
ONU aprova projectos
de 30 mil contos
13.03.00
|
Xanana Gusmão: "A hora é de
construir.
Reconciliação, unidade e desenvolvimento
nacional no quadro da transição".
Jacarta, 25 de Agosto de 1999
Caros Irmãos e Compatriotas Timorenses,
Dentro de dias o Povo Timorense vai às urnas num processo de
Consulta Popular, organizado pelas Nações Unidas, para democraticamente escolher o seu
destino.
Culmina uma longa fase da história do nosso povo na luta pela
afirmação da sua cultura e da sua vontade firme de determinar o seu próprio futuro.
O engajamento patriótico de milhares de combatentes da liberdade
e de cidadãos anónimos nesta exaltante luta pela independência do nosso país é a
expressão viva da resistência secular dos nossos antepassados.
A seiva da Nação Timorense incorpora os actos heróicos e
abnegados de todos os que deram a sua vida pela Liberdade. Foi um processo difícil que
semeou luto, desfez famílias, marcou gerações.
Reconciliação e Unidade Nacional
A Nação Timorense não pode nascer dividida e eivada de
discórdia e de rancor. No interesse nacional, independentemente das posições políticas
anteriormente assumidas, todos os cidadãos nacionais são chamados a adoptar uma atitude
de concórdia, de perdão e de tolerância para com os seus irmãos. As dificuldades
vividas até ao presente não podem constituir uma sombra permanente que perturba o nosso
futuro.
A nossa Pátria engrandecerá ainda mais, se cada um de nós
souber perdoar, inclusivé aos que praticaram actos que consideramos reprováveis.
Neste momento exaltante, cada um de nós é chamado a superar
diferenças e a enterrar ódios. Abracemo-nos, apertemos as mãos numa cadeia
inquebrantável de fraternidade e de amor. A unidade de todos em torno da Pátria é uma
exigência para o futuro risonho e próspero de Timor.
A paz, a reconciliação, o entendimento e a harmonia entre todos
os cidadãos é condição fundamental para a estabilidade política e o progresso
económico e social no nosso país.
Todos os cidadãos são também exortados a praticar uma
política de entendimento fraternal e de solidariedade em relação aos seus compatriotas
menos favorecidos e mais carenciados. Todos os Timorenses são imprescindíveis na nova
etapa que se inicia para erradicar a miséria e o subdesenvolvimento, que ainda
caracterizam grande parte da nossa população.
A Construção do Estado de Timor Lorosae
As tarefas centrais da nova fase da nossa luta são a
erradicação do analfabetismo e a construção de uma sociedade de bem-estar, com uma
economia moderna e auto-sustentável. Cada Timorense é chamado a dedicar todas as suas
capacidades e energias para o fortalecimento do nosso país.
A nossa luta para a independência, teve por objectivo construir
o Estado de Timor Lorosae, que pugna pela Paz, Democracia e Prosperidade para todo o povo,
independentemente das suas opções políticas, religiosas, raça, cor, origens sociais e
culturais.
Tal como está definido na Carta Magna, o Estado de Timor Lorosae
respeitará os princípios universais relativos aos direitos humanos, à igualdade de
direitos da mulher e do homem, à liberdade de informação e de expressão, de
associação e de reunião, nos termos definidos nas Convenções e Tratados
internacionais.
A independência consubstanciar-se-á na construção de um
Estado Democrático de Direito, e o Estado de Timor Lorosae pugnará pela separação dos
poderes e defenderá a independência do poder judicial.
O Estado de Timor Lorosae respeitará e protegerá os direitos de
propriedade sobre móveis e imóveis legalmente adquiridos em Timor Leste por pessoas
singulares e colectivas, nacionais ou estrangeiras, e incentivará os agentes económicos
a consolidarem e a expandir as suas actividades económicas e sociais em curso.
Promulgará leis que regularão de uma forma equilibrada a
complementariedade entre os interesses privados e públicos e os objectivos sociais e
individuais e garantirá a liberdade de circulação de pessoas e bens.
Economia de Mercado
Com o objectivo de promover o crescimento económico e social
auto-sustentável, o Estado de Timor Lorosae incentivará o desenvolvimento da economia de
mercado com intervenção selectiva do Estado para assegurar equidade, transparência e
eficiência.
O Estado encorajará a constituição e o fortalecimento do
sector privado em todas as esferas da sociedade, com ênfase no apoio aos privados
timorenses.
Superar o atraso e o subdesenvolvimento em Timor Lorosae é uma
tarefa muito difícil e vai exigir determinação, persistência e muito esforço
individual e colectivo.
A escassez de recursos e o elevado nível de analfabetismo é
preocupante. Contudo, isso não deverá esmorecer o nosso entusiasmo e a vontade de
superar o sub-desenvolvimento.
O Desenvolvimento Económico e Social
O desenvolvimento político e económico será orientado numa
perspectiva de promover o aumento da produção, priorizando o desenvolvimento rural que
envolve a esmagadora maioria do povo timorense.
O desenvolvimento rural integrado será assente no fortalecimento
das aldeias e vilas, na melhoria das respectivas condições de vida e na introdução de
técnicas e tecnologias que aumentem a produtividade e consequentemente o crescimento da
produção agrícola e da circulação de bens, tendo sempre em vista o equilíbrio e
preservação do meio ambiente.
A política económica do Estado de Timor Lorosae terá por
objectivo transformar a economia timorense predominantemente agrária e de subsistência,
numa economia mais diversificada e desenvolvida. Assim, promoverá maior aproveitamento
dos recursos florestais, de pecuária, da pesca, do turismo e a exploração dos recursos
minerais.
Uma política fiscal que incentive o desenvolvimento
Com vista a proporcionar maior emprego e arrecadar maiores
receitas para o orçamento do Estado, o governo de Timor Lorosae contribuirá para
valorizar a situação geo-política e económica do país, tirando vantagem da
confluência de uma rota comercial entre a Asia e a Oceania, no meio de milhares de ilhas
situadas entre o Oceano Ìndico e o Pacífico, beneficiando de um amplo mercado dos
países do Sudeste da Asia, na qual se situam países que nos últimos 30 anos
demonstraram crescimentos económicos expressivos.
Neste contexto, o governo definirá uma política de incentivos
fiscais e aduaneiros que incentive e incremente investimentos no sector produtivo, de modo
a substituir importações e aumentar as exportações e a gerar empregos.
Na prossecução desta política económica, o Estado de Timor
Lorosae facilitará a constituição de zonas francas industriais e o estabelecimento de
entrepostos comerciais, de modo a criar emprego para os timorenses através do
desenvolvimento de uma praça 'off-shoré com desenvolvimento de um centro financeiro
moderno.
Encorajamento do capital estrangeiro
O Estado de Timor Lorosae encoraja a transferência de recursos
disponíveis no estrangeiro e a sua canalização para o investimento produtivo no país.
Para este efeito, será promulgada uma Lei específica que proteja o investimento nacional
e estrangeiro. A semelhança do que é praticado pela banca internacional, o Estado
protegerá por lei o sigilo bancário.
Com vista a atrair investimento estrangeiro para complementar os
recursos internos e gerar emprego, o governo de Timor Lorosae desenvolverá uma
cooperação técnica, científica, económica, social e cultural, no âmbito bilateral e
multilateral, com os vários países e instituições internacionais.
A inserção de Timor Lorosae no quadro da economia mundial,
permitirá beneficiar da experiência e dos conhecimentos acumulados nos vários países e
deste modo fortalecer a capacidade dos timorenses para enfrentar os desafios da
globalização.
O governo de Transição para a independência de Timor
Lorosae agirá no sentido da elaboração de um Plano de Desenvolvimento Nacional de 2000
a 2005, no contexto de um plano estratégico para 20 anos.
Estes planos irão conferir prioridade ao desenvolvimento das
iniciativas nacionais que promovam maior aproveitamento dos recursos naturais, capacidades
e iniciativas disponíveis localmente, valorizando a poupança interna como contributo
para a realização de investimentos no país.
O Aparelho de Estado
A função publica será reformulada e reestruturada em função
das exigências do Estado independente de Timor Lorosae. Queremos que o aparelho do nosso
Estado seja eficiente e operacional, a sua dimensão adequada aos nossos objectivos e aos
recursos disponíveis. O aparelho de Estado será gerido com transparência, elevado grau
de profissionalismo, com prestação regular de contas.
Neste âmbito, o Estado modernizará todos os seus serviços
estatais, simplificando os procedimentos administrativos para melhor servir a economia
nacional, apoiará a expansão do comércio interno e internacional e incentivará a
modernização do sector financeiro e bancário e outros serviços como o transporte, as
comunicações, a água e electricidade, os de saneamento e urbanização e desenvolverá
as infra-estruturas necessárias.
Os actos de boa governação visarão também reduzir a
burocracia, prevenir a corrupção. A acção governativa terá também como objectivo o
fomento e apoio das iniciativas que gerem emprego e riqueza, que criem prosperidade e
bem-estar.
O Estado de Timor Lorosae promoverá uma cultura que valorize e
dignifica o trabalho em qualquer sector de actividade.
A admissão de funcionários públicos deverá estar condicionada
com a viablidade orçamental, pelo que o nosso governo terá de gerir racionalmente os
recursos humanos e materiais.
Por isso, no âmbito do seu programa económico, o governo
incentivará o desenvolvimento de iniciativas empresariais de pequena escala, na
agricultura, na indústria, no comércio e no artesanato.
A Formação e o Treinamento
Com a independência do nosso país, a governação exigirá a
actualização permanente dos conhecimentos científicos e técnicos para assegurarmos uma
correcta direcção da vida económica e social do país. Assim, apelamos a todos os
cidadãos, em particular aos jovens, para retomarem ou prosseguirem os seus estudos a
todos os níveis.
Tendo em conta a nossa história, a realidade presente e a
geo-economia e cultura em que o nosso país se insere, devemos aprofundar a nossa língua
tetum, generalizar e aperfeiçoar o domínio da língua portuguesa e manter o estudo da
língua indonésia.
O sucesso na educação e na formação em qualquer actividade
sócio-profissional assegura resultados positivos nas frentes social e económica.
No quadro da erradicação do analfabetismo, o governo de Timor
Lorosae dará prioridade à educação de adultos e à formação e treinamento de
timorenses, com ênfase para os jovens, conferindo-lhes qualificação profissional,
técnica e vocacional para poder realizar empreendimentos viáveis, por sua própria
iniciativa ou em associação empresarial ou cooperativa.
Relações com a ASEAN e com a Indonésia
O Estado de Timor Lorosae vai esforçar-se por se integrar na
dinâmica de cooperação regional para a paz e o desenvolvimento no quadro da ASEAN,
fortalecendo as alianças políticas de defesa e segurança mútuas, as relações
económicas, sociais, científicas e técnicas.
Assumindo a história, e os imperativos da paz e da
cooperação multiforme, Timor Lorosae estabelecerá relações preferenciais de
cooperação nos vários sectores económico-financeiro, sociais e culturais com a
Indonésia multipartidária e democrática, formalizando acordos bilaterais no sector
económico entre outros, o acordo de cooperação científica e técnica, o acordo de
protecção mútua de investimentos e vários acordos no âmbito económico e financeiro.
Relações com Portugal e a CPLP
A solidariedade entre o povo português e o povo timorense é
inquebrantável. As relações com Portugal constituem um património de conhecimentos,
história e cultura mas também de emoção e de coração que em todas as circunstâncias
saberemos preservar.
Desejamos que essa relação se mantenha viva, através de novas
relações de cooperação, já como povos livres e iguais. Acolhemos profundamente
sensibilizados a declaração do Estado Português de assumir a responsabilidade pela
continuidade do funcionamento das instituições existentes em Timor.
Conscientes da solidariedade profunda forjada nos anos difíceis
com os países da comunidade de língua portuguesa, faremos parte desse conjunto de
cooperação que liga Sudeste Asiático, Africa, Europa e América.
Relações Internacionais
O Estado de Timor Lorosae praticará uma política de paz, de
coexistência pacifica, de solidariedade e cooperação internacional, mutuamente
vantajosas, com os demais povos e países.
O Estado de Timor Lorosae formalizará o pedido de adesão à
ONU, à APEC e ao Forum do Pacífico Sul, para além da ASEAN e da CPLP, e subscreverá os
acordos assinados pelos Estados membros, salvaguardando a situação de transição em que
o país se encontra.
No seio das organizações referidas, Timor Lorosae desenvolverá
uma ampla cooperação regional, fortalecendo as alianças políticas de defesa e
segurança mútuas e as relações económicas, sociais, científicas e técnicas.
O Estado de Timor Lorosae estabelecerá relações mutuamente
vantajosas com todos os países independentes do mundo inteiro, valorizará as relações
nos diversos domínios com a Austrália, os Estados Unidos, o Japão, a União Europeia,
com destaque para Portugal, e os países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa.
O Estado de Timor Lorosae estabelecerá ainda relações
políticas e diplomáticas com todos os países independentes do mundo com base no
respeito mútuo e a soberania nacional, pela igualdade, subscrevendo acordos
reciprocamente vantajosos.
O Estado de Timor Lorosae solicitará a sua adesão ao Fundo
Monetário Internacional e às instituições do Grupo Banco Mundial, assim como às
instituições financeiras criadas no quadro da ASEAN e dos países com os quais se vem
desenvolvendo a cooperação bilateral e regional.
Os Combatentes da Libertação Nacional
As FALINTIL, combatentes da libertação da nossa Pátria,
merecerão sempre a eterna gratidão de todo o nosso povo. Nenhum de nós combateu
esperando recompensas de qualquer espécie ou nomeações para cargos de chefia nos
orgãos do Estado. Para nós, a maior recompensa será participar no içar da Bandeira da
Liberdade na nossa Pátria livre e independente.
O nosso governo, com o apoio da comunidade internacional,
priorizará acções com vista à inserção económica e social de todos os Combatentes,
criando condições e oportunidades para a sua superação e qualificação profissional,
para que não dependam exclusivamente do Orçamento do Estado.
Tarefas Imediatas - A Amnistia Geral e a Tolerância
Neste momento exaltante e ímpar da história do nosso
Povo, em que nos preparamos para enfrentar um futuro novo, é imperativo assegurar a
estabilidade política e social no país. Isso requer uma transição pacífica e
harmoniosa e o fortalecimento do espírito de concórdia e de reconciliação nacional.
Para a efectiva reconciliação iremos decretar a amnistia
geral de todo e qualquer crime político praticado até ao presente. Trata-se de uma
decisão madura e longamente reflectida.
Este acto generoso supera emoções, sara feridas e
engrandece a alma do nosso povo! De todo o coração, apelo para que toda a violência
cesse imediatamente.
Ainda com vista à estabilização do período que se
segue, o governo de Transição atribuirá atenção particular à inserção dos
timorenses que atualmente estão integrados no TNI, POLRI e nos grupos para-militares, com
vista à sua formação e treinamento para se poderem integrar com outros cidadãos num
corpo de polícia timorense voltado para a protecção da ordem e segurança dos
cidadãos.
A nossa luta foi contra um sistema opressor que nos
antagonizou. Nunca foi uma luta contra o povo indonésio. Nova era se abre para a vida de
todos nós. Todos os cidadãos timorenses poderão assim olhar-se com confiança e dar as
mãos para fazer crescer ainda mais a nossa Pátria.
Assegurar a Continuidade do Funcionamento do País
Nesta fase em que nos encontramos, é essencial assegurar a
normalidade do funcionamento das instituições, das empresas e dos diversos serviços.
Em particular, apelamos aos funcionários públicos, aos
empresários e a todos os cidadãos nacionais e estrangeiros residentes em Timor Lorosae
no sentido de:
1º - Assegurar a Continuidade do Funcionamento das
Instituições: É imprescindível que no período imediatamente posterior à Consulta
Popular todas as instituições públicas e privadas continuem a operar de modo a
assegurar uma distribuição regular de bens e serviços à população. Não deve haver
retrocesso. Devem mesmo melhorar os serviços prestados nomeadamente na saúde e na
educação.
2º - Manter Regularidade do Abastecimento: É essencial
prestar uma atenção prioritária à regularidade do abastecimento do povo, incluindo dos
produtos importados.
3º - Manter os Níveis de Produção: Para que a economia
não paralise, é essencial assegurar o aprovisionamento de reservas necessárias até à
próxima campanha de produção agrícola e para a sua comercialização assim como para
manter em plena laboração as unidades industriais e os serviços, com atenção
prioritária aos serviços de água, energia, centros de saúde e outros que se relacionam
com as necessidades básicas do povo.
Negociações com a Indonésia
O Governo de Transição irá ainda negociar com o governo da
Indonésia no sentido de coordenar questões essenciais, de elevado interesse nacional, de
modo a:
- Fazer com que a rupia, moeda da Indonésia, continue a circular
no país, pelo menos no periodo de transição;
- Definir o estatuto dos timorenses que são funcionários
públicos (incluindo militares e polícias) e funcionários de empresas para-estatais ao
serviço do Estado Indonésio, salvaguardar os seus direitos e deveres;
- Definir os direitos e deveres dos cidadãos indonésios que
trabalham em instituições estatais assim como em instituições para-estatais (incluindo
bancos e empresas estatais de telecomunicações, de água e electricidade, transportes) e
que queiram permanecer ao serviço do novo Estado de Timor Lorosae. São bem vindos para
participar na construção do novo Estado;
- Acordar sobre as instituições e empresas públicas que operam
em Timor.
Caros Irmãos e Compatriotas Timorenses,
Porque o processo da independência vai necessitar de todos os
filhos de Timor Lorosae, apelamos a todos os líderes políticos, independentemente das
diferenças, e aos responsáveis de todas as associações do povo timorense para que,
juntos, disponibilizemos as capacidades, o saber e as energias de cada um para o
engrandecimento da nossa Pátria.
Todos somos indispensáveis na construção da nossa
independência. Façamos de Timor Lorosae a bandeira de cada um de nós.
Temos à nossa frente a luta pela afirmação da nossa identidade
politico-cultural, que coloca perante nós complexos problemas decorrentes do
desenvolvimento económico e social.
Devemos assim, redobrar os nossos esforços para sermos
vitoriosos na luta contra o atraso e a miséria.
A luta contra o subdesenvolvimento é longa e complexa.
Continuando juntos, podemos contribuir com sucesso para a criação do Estado de Timor
Lorosae, digno e próspero.
Pela natureza democrática do processo de consulta popular, a
decisão de constituir ou não um país independente, envolve todos e cada um de nós.
Cada cidadão, no interesse nacional, deve respeitar os resultados da votação e
comprometer-se em colocar ao serviço da Pátria Timorense, as suas capacidades e energias
para o seu engrandecimento da Nação.
O Estado Timor Lorosae acolhe no seu seio todos os
timorenses, quaisquer que tenham sido as suas tomadas de posição no passado. Menciono em
particular aqueles que estão integrados nas forças para-militares pró-integração
(PPI).
Assumo aqui solenemente este compromisso e empenho a minha honra
para garantir a amnistia e reconciliação entre timorenses, para a segurança e
tranquidade de todos.
A hora é de construir!
Kay Rala Xanana Gusmão, Presidente do CNRT |