*Artesanato
*Poesia Fernando Sylvan
Abé ho Aloz Xanana Gusmão Afonso Busa Metan Esta secção
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A Água na Cultura Espiritual Timorense O crocodilo que se fez Timor A lenda narra a história de um crocodilo; mas um crocodilo sonhador, que um dia sonhava ser alguém. Sonhava crescer, ter um tamanho descomunal, mas na verdade era tudo estreito à sua volta, somente o sonho dele era grande. Vivia num pântano com as águas paradas, pouco fundas, sujas, abafadas por margens esquisitas, indefinidas e sem abundância de alimentos; era um sítio onde o crocodilo não poderia realizar o seu grande sonho - crescer. Passaram-se séculos e séculos, e o crocodilo... sozinho, abandonado, e a passar fome. Começava a sentir uma fraqueza que lhe tirava o ânimo e os seus olhos iam encerrando e já quase não podia levantar a cabeça e abrir a boca. O crocodilo, vivendo nesta situação, reuniu todas as suas forças para ir procurar comida; mas essas forças eram tão poucas que não davam para tanto. E ficou sobre a areia ao pé do charco, estendido; até que passou um rapaz - um rapaz também sonhador -, que ao ver o crocodilo naquele estado, prontificou-se a ajudá-lo. Levou-o até ao charco; e o crocodilo agradeceu, prometendo levá-lo um dia pelo mar fora.. O rapazinho gostou da ideia - era esse o seu grande sonho. Passado algum tempo, o rapaz foi ter com o crocodilo, mais gordo e bem alimentado, pedindo que este realizasse o sonho prometido. E o crocodilo realizou... Dia e noite, noite e dia, nunca pararam, viam ilhas de todos os tamanhos, de onde as árvores e as montanhas lhes acenavam e as nuvens também. Não sabiam se eram mais bonitos os dias e as noites, se as ilhas se as estrelas! Caminharam, navegaram, sempre voltados para o sol, até o crocodilo se cansar... Mas entretanto já cansado, virou-se o crocodilo para o rapazinho e disse-lhe que não podia mais e que o seu sonho tinha acabado. Mas o rapazinho não quis aceitar o que lhe dizia - o seu sonho ainda não tinha terminado! Ainda o rapaz sonhador não tinha dito a última palavra quando o crocodilo aumentou de tamanho, e sem nunca perder a sua forma inicial transformou-se numa bonita ilha, carregada de montes, de florestas e rios... por isso Timor tem a forma de um crocodilo! Mas, não é um crocodilo qualquer... é um crocodilo sonhador... O Resto da Terra Era em noites como aquela que os velhos contavam histórias. Tinha chovido muito, tinha chovido tanto que as terras tinham ficado imersas nas águas. Sobreviventes da tragédia, metidos num barco, vogavam ao deus-dará. Contra a maré, chegaram a Timor. A água não tinha a mesma cor que nos outro sítios. Foi então que o chefe dos infelizes mandou lançar todas as redes que tinham. As redes não trouxeram peixe, o que significava que não estavam no mar, mas sim sobre uma terra mergulhada nas águas da chuva. Levados ao sabor da corrente
chegaram ao Ramelau (cordilheira central de Timor), que ficava poucos palmos abaixo do
barco. Daí surgiu uma palmeira que não tinha ficado submersa e nela um ninho de barro
feito por um vespão. O arrais mandou que o desfizessem e mandassem o seu pó sobre as
águas. À medida que o pó caía, as águas desciam. Dois homens lançaram-se a nado, um
para Sul, outro para Norte, levando cada um uma mulher e uma tábua do barco. Cada mulher
empurrou as tábuas até que estas se transformaram nas praias de Timor. Os dois homens
lançaram o pó, que caiu num dos primeiros píncaros que apareceu, chamando-lhe Raí
Récin o resto da Terra. |
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Ergue o seu braço numa luta
impotente, Viu na escuridão vassalos, rendeu-se Mas o Homem não sabe chorar, Mas o Homem não sabe chorar, E as estátuas também choram |