QUARENTINHA
Waldir Lebrego, o temido Quarentinha, artilheiro do Botafogo do final da década de 50 e início de 60, desconhece a quantidade de gols que marcou ao longo de sua carreira. Calcula que tenha passado dos quinhentos. Do Campeonato Carioca, foi artilheiro por três vezes: em 1958, com dezenove gols; em 1959, com 25; e em 1960, com outros 25.
Quarentinha era um artilheiro frio, que pouco vibrava com seus gols, mesmo quando garantiam importantes vitórias do Botafogo. Isso aborrecia os dirigentes e o tornava indiferente perante a torcida. Sua explicação jamais convenceu: "Eu era pago para marcar gols. Não fazia mais que minha obrigação".
Era também um pouco irresponsável. Gostava da noite e gastava seu dinheiro em farras. Suas atuações caíram e o presidente Paulo Azeredo, para castigá-lo, atendendo a um pedido do treinador Gentil Cardoso, emprestou-o ao Bonsucesso, cujo técnico, o duro Zezé Moreira, exigia disciplina no time. Mas o castigo que pretendiam dar em Quarentinha foi um tiro que saiu pela culatra: ele terminou o campeonato de 1956 como vice-artilheiro, com 21 gols, um a menos que Valdo, do Fluminense. A vingança de Quarentinha se completou com a vitória do Bonsucesso sobre o Botafogo por 1 x 0, gol dele. Por isso voltou para General Severiano no ano seguinte.
Na Seleção Brasileira estreou contra o Chile, no Maracanã, pela Taça Bernardo O'Higgins. Marcou dois gols na goleada de 7 x 0. No segundo jogo, no Pacaembu, marcou o gol da vitória (1x 0), quando faltavam 10 minutos para terminar o jogo. Mas os sonhos de disputar uma Copa do Mundo terminaram com uma contusão no menisco direito.
O paraense Waldir Lebrego - Quarentinha, porque tinha na escola o mesmo número 40 do pai - nasceu a 15 de setembro de 1933. Jogou no Paysandu, no Vitória-BA, no qual foi artilheiro absoluto em 1953 com 31 gols, e encerrou sua carreira em General Severiano, em 1965, depois de uma vitória fácil sobre o América por 3 x 0, três gols seus, aproveitando passes de Gérson, o Canhotinha de Ouro. O dirigente Brandão Filho quis agradá-lo com elogios e tapinhas nas costas. Quarentinha respondeu que era tudo falsidade e acabou vendido ao América, de Cali, Colômbia, e lá terminou sua carreira de temido artilheiro.