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"Não tenho limites"

Maurren Higa Maggi conversa com a Clips Brasil sobre seu futuro olímpico e como fazer para conquistar a medalha de ouro (Matéria realizada dias antes da partida de Maurrem para as Olímpiadas).

Sua marca é a simplicidade. Jeito simples, de garota do interior. A menina de São Carlos conquistou o mundo. Maurren Higa Maggi, aos 24 anos, é uma estrela internacinal do esporte. Especialista em salto triplo, ela conquistou medalha de ouro no último Panamericano em Winnipeg, Canadá, saltando 6,59 metros. Devido a grande cobertura da mídia no Canadá, ela ficou conhecida dos brasileiros e do mundo. Mas esse não foi o melhor salto de Maurren. Ela chegou ao Canadá como líder no ranking, tendo saltado 7,26 m, sendo esta, a melhor marca de 1999.

Maurren Maggi recebeu a Clips Brasil para uma conversa em sua ‘casa’, o Complexo de Esportes Constâncio Vaz Guimarães, no Ibirapuera, onde mantêm uma rotina diária de treinamentos, visando as Olímpiadas de Atenas, na Grécia, mas antes, claro, com uma ‘escala’ em Sidney, nas próximas Olímpíadas. "Estou treinando forte para Sidney, mas lá, tudo pode acontecer, posso ganhar, ou não. Mas meu objetivo é me preparar para Atenas, uma vez que só agora consegui meios adequados para me preparar, e isso, leva tempo", explica Maurren.

A determinação é a marca de Maurren. Ela, com uma seriedade que espanta, responde a uma pergunta simples "Existe limite para Maurren?" Ela diz: "Não. Eu não tenho limites, quero sempre mais, e melhor" .

Clips Brasil – Na sua opinião, por que é tão difícil surgir mais atletas como você, aqui no Brasil? Onde está a deficiência na formação dos atletas?

Maurren Higa Maggi – Essa é uma boa pergunta...Nem eu sei onde está o erro. Acho que falta aos atletas acreditarem mais, se dedicarem mais. Quando comecei a treinar com o Nélio (Moura), há sete anos, ele me fez descobrir o prazer de treinar para ganhar. Falta aos atletas acreditarem mais em si mesmo. Eu acredito, luto e busco o que quero.

CB – Como você vê o trabalho que o Nélio desenvolve na Funilense, em Campinas?

Maurren – Eu não acompanho muito, mas sei que as crianças que o Nélio treina na escolinha da Funilense, estão sempre entre os melhores. Além do que, ele tem um carinho todo especial pelos atletas mirins, que é a base de formação do atleta, o início.

CB – Se você fosse Ministra dos Esportes, o que você faria de imediato?

Maurren – Acho que primeiramente, eu iria cuidar das crianças de rua, e as colocaria para praticar esporte em massa. É dessa base que saem os grandes atletas no Brasil. Um exemplo disso é o Claudinei Quirino, que saiu da rua, para se tornar um grande atleta, de nível internacional. Mas sei que um trabalho imediato é difícil, mas alguém tem que começar.

CB – O que você acha dos atletas que associam sua imagem a obras assistenciais como forma de marketing?

Maurren – Isso é complicado. Eu trabalho com alguns grupos assistenciais, mas não me é revertido de forma alguma. Mas por outro lado, trabalhos beneficientes são sempre bem vindos.

CB – Você viaja muito. Quando você constata a diferença que existe entre o Brasil e os outros países, o que passa pela sua cabeça?

Maurren – Eu adoro o Brasil. Nosso povo é extremamente caloroso e humilde. É um povo lutador, e isso é admirável. Quanto mais eu viajo, mais eu amo o Brasil.

CB – O que sente um atleta conceituado diante do assédio de fãs, imprensa, empresas, num país que até outro dia não lhe dava o apoio que você precisava, e hoje gritam seu nome?

Maurren – Nunca pensei dessa forma. Gosto do que é difícil. Aprendi muito assim. Encaro tudo o que está acontecendo, esse assédio todo, como conseqüência do meu trabalho, e é muito gratificante.

Quem dera mais atletas tivessem a oportunidade que estou tendo. Uma pena que esse respaldo só tenha chegado após Winnipeg.

CB – Qual é a sua vantagem em relação principalmente à italiana Fiona May, sua principal adversária nas Olímpíadas? Em que detalhe pretende ganhar dela?

Maurren – Tenho dez dedos nos pés, e todos parecem ter seus calos! Tenho uma adversária para cada dedo, não é só a Fiona que tenho que bater, mas todas. Quem chega até as Olimpíadas, tem plenas chances de ganhar o ouro. Ganha quem estiver melhor no dia, quem tremer menos. Eu por exemplo, estou fazendo um trabalho forte visando Atenas, as Olimpíadas após Sidney. Lá sim, chegarei com muito mais força para lutar pelo ouro que agora. Em Sidney, tudo pode acontecer. Tenho muitas chances de ganhar. Mas também posso perder, posso tremer, sei lá... Vence quem estiver melhor no dia, quem dominar os nervos.

CB – O que passa pela cabeça do atleta quando ele está alinhando para iniciar o salto? Dá para pensar em algo? Ou é só concentração?

Maurren – Penso, sim. Penso em saltar o mais longe que puder na caixa de areia. Saltar o máximo, ir mais longe.

CB – Na sua opinião, o que é mais estressante para o atleta: o auge de uma competição, ou a falta de recursos adequados para o treinamento?

Maurren – Já passei por muitas dificuldades na minha vida. Batalhei muito para chegar até aqui e estou sempre tendo que conquistar meu espaço. O que mais entristece o atleta realmente é a falta de apoio. Sei o que é isso, é muito difícil. Mas jamais deixo de acreditar que posso ter sucesso no que faço, e para isso treino, treino muito. Quando sobe a bandeira e toca o hino, é maravilhoso, mas só o atleta sabe o caminho pelo qual teve que percorrer até chegar até ali.

CB – A vitória vicia? Você está viciada?

Maurren – Sim, estou viciada. Adoro ganhar.

CB – Em uma recente entrevista você disse que um atleta não pode pensar em defeito. Você se considera uma atleta perfeita?

Maurren – Não, de forma nenhuma. Temos sempre que nos aprimorar. Temos que ir em busca da perfeição. Luto por um melhor desempenho, sempre.

CB – Qual é a sua opinião sobre dopping?

Maurren – Não gosto nem de falar sobre isso. Procuro nem saber o que está acontecendo nessa área para não me preocupar. Todo mês faço exames e mais exames para que não ocorram dúvidas sobre mim. O atleta que está limpo, tem que ter prazer em fazer o exame anti-dopping para provar que está limpo. Eu particularmente adoro fazer o anti-dopping para que isso fique bem claro.

CB – Para você, o que significa a palavra limite? Existe limite para Maurren Maggi?

Maurren – Não. Não. Não existe limite para mim. Quero sempre ir mais longe, e melhor. A única coisa que pode me atrapalhar sou eu mesma. Eu sou meu limite.

Giovana de Paula