Quando os cientista James Watson e Francis Crick revolucionaram o
mundo biotecnológico em 1944 com a descrição do DNA (ácido desoxirribonucléico),
jamais poderiam imaginar que sua façanha pudesse mexer com sentimentos como vaidade,
ciúme e desconfiança. Hoje, as disputas judiciais para a comprovação da paternidade
passam pelo famoso exame de DNA.
Vários são os casos de mulheres que exigem que o pai assuma a
criança. Impossível deixar de lembrar do Caso Pelé. Recentemente, apareceu uma modelo
dizendo-se mãe de um filho de Ayrton Senna. Sem esquecer de Luciana Gimenes, que pretende
"abocanhar" um pedacinho da fortuna do Rolling Stone Mick Jagger. Todos esses
casos foram resolvidos, ou esclarecidos, com o teste de DNA. Comprovou-se que a filha, era
mesmo de Pelé.
O filho era mesmo de Mick Jagger. E comprovou-se também que a criança, não possui a
herança genética de Ayrton Senna. Em todos esses casos, o fator financeiro estava
impulsionando os sentimentos, uma vez que se comprovada a paternidade nesses casos,
estariam milhões envolvidos.
O médico Walter Pinto Júnior convive com esses dilemas e dramas
familiares diariamente. Ele realiza cerca de 40 exames por mês, de pessoas que vêm do
Brasil inteiro. "Lembro-me até de um caso que me espantou muito. Conheço uma moça,
muito bonita por sinal, que teve três filhos, cada um de um pai diferente, todos muito
ricos. É o que costumo chamar de mãe por profissão", relata Walter
Pinto Júnior.
Ele ainda explica como é delicada a posição de quem realiza
esse exame. "Quando uma pessoa vem até minha clínica para realizar esse exame por
que está desconfiado de que a não é o pai da criança, achando que a mulher o teria
traído, eu o aconselho a não realizar o exame, uma vez que pai, é que aquele que cria,
não o que põe no mundo. Ele descontaria na criança toda sua revolta, e seria ela quem
mais sofreria. Se já vive junto com a criança, se já possui uma família constituída,
para que remexer no passado? Explico que essa criança será a melhor coisa da vida dele,
o que é a pura verdade", explica Walter Pinto Júnior.
Walter Pinto Júnior é o único a realizar esse exame em Campinas
porque, segundo ele, "é um exame que exige uma responsabilidade muito grande, é
feito por leitura computadorizada e boa parte do material utilizado é importado".
Ainda segundo ele, a Unicamp teria totais condições de realizar este exame, mas após os
escândalos do médico legista Fortunado Badan Palhares, ela suspendeu a realização do
exame de DNA.
O exame de DNA custa de R$ 800,00 a R$ 1.200,00, dependendo da
precisão que se quer atingir. Vários laboratórios em Campinas fazem a coleta e enviam
para o médico Walter Pinto Júnior.
O Estado garante que todas as pessoas têm direito a realização
do teste de DNA, gratuitamente, desde que estejam com a ordem judicial em mãos.
Um dado importante. Muitas pessoas vão para o exterior realizar
esse exame, uma vez que é bem mais barato. Custa de 200 a 300 dólares. Realizar o exame
aqui no Brasil é mais caro devido às taxas de importação dos insumos utilizados para a
realização do teste.
Durante a evolução da célula formou-se uma molécula, que hoje
sabemos ser o ácido desoxirribonucléico (DNA ou ADN), que é uma molécula longa,
formada pela junção de um grande número de nucleotídeos, que contém a informação
genética codificada.
O DNA constitui uma espécie de código que determina o que uma
célula tem. Além de ser capaz de produzir uma cópia dele mesmo.
Dentro das células, existem os cromossomos, que contêm os genes
que por sua vez, são formados por DNA. São estes genes que permitem a transmissão das
informações genéticas de geração a geração.