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Reciclagem: uma forma de sobrevivência

Todo dia é produzido no Brasil 100.000 toneladas de lixo. Só a cidade de São Paulo produz 15.000 toneladas diárias. Dos 5507 municípios brasileiros apenas 135 praticam algum tipo de coleta seletiva de lixo, ou seja, 2,5% das cidades do país. O brasil joga fora 5,8 bilhões de reais por ano, porque não recicla seu lixo urbano, afirma o economista Sebetai Calderoni, em seu livro Os bilhões perdidos no lixo.

Diante da falta de empregos em Campinas, pode-se contatar que há um crescimento no número de catadores de sucata. Esses por sua vez passam a contribuir com o processo de reciclagem, uns inconscientes da ação que estão fazendo, outros orgulhosos do trabalho que realizam.

A ex-repositora de um supermercado em Campinas, Honorinda Ferreira, de 55 anos, nascida em São Sebastião do Paraíso, minas Gerais, ao perder o emprego há 10 anos atrás e com a idade avançada não conseguia ingressar no mercado de trabalho.

Com três filhos para sustentar começou a ficar preocupada com a situação, foi então, que viu seu vizinho, um aposentado que coletava sucata para não ficar em casa sem fazer nada. A princípio começou com um carrinho de feira, foi pouco, comprou um carrinho de mão, só que exigia muito esforço em Ter que levantar e empurrar o peso da sucata, em média 1 tonelada e meia de papel, 2 toneladas de ferro e mais uma tonelada entre alumínio, vidro e plástico. Construiu um carrinho com a carcaça de uma geladeira.

"As pessoas me chamam de 'ligeira', e eu tenho mesmo que ser ligeira pois, se eu não for rápida outro será", diz Honorinda, ironizando brincadeiras de rua.

Com a jornada diária das 6:30h as 11h e depois das 16h as 19h, uma pausa maior no horário de almoço devido ao sol forte, Honorinda consegue ganhar uma média de R$ 300,00 mensais, esse valor garante o pagamento da água, luz e o aluguel.

O catador Edison José Teixeira, 50 anos, catador há 10 anos, trabalha como servente de pedreiro durante o dia e ganha R$ 300,00 mensais e com a coleta de sucatas depois do expediente tira em média R$ 30,00 por dia. Com o dinheiro de 10 anos de coleta Edison construiu uma casa no bairro Jd. Nossa Senhora de Lourdes. Com as mãos calejadas, alguns dedos já sem unhas, analfabeto, agradece a Deus pela saúde que tem para trabalhar e diz que Campinas é um ótimo lugar para catar sucata.

"As pessoas que não tem leitura são as mais prejudicadas no preço e no peso, e acabam sendo roubadas. Ao invés de incentivarem essas pessoas alguns donos de ferro velho acabam explorando-as", afirma Honorinda.

Hoje a maior dificuldade de uma pessoa sair na rua para coletar sucata é a vergonha de se expor a sociedade e ser marginalizada. O lixo também pode virar arte e alegria. Uma amostra são as cestas decoradas com produtos reciclados, bichinhos de pelúcia achados no lixo.

Segundo Raimundo Rodrigues, proprietário de um Comércio de sucatas, em Campinas, "quando comecei era eu e minha família trabalhando na coleta de sucatas, hoje mantenho 15 funcionários trabalhando para mim. Saltei da classe pobre para média alta mas, foram 22 anos para chegar até aqui". A média de pessoas que vão ao seu Comércio chega a 100 por dia, arrecadando assim uma média de 40 toneladas de papel por mês e 2 toneladas de alumínio, que são repassadas com um acréscimo de lucro bruto de 30% sobre o valor para na compra que é de R$ 0,09 o kg do papel e R$ 1,50 o kg do alumínio. As empresas como a Klabin e a Rigesa compram o papel e a Metalur Fundição compra o alumínio.

Alguns países como a Austrália e o Japão, reciclam 100% do lixo. Reciclagem é uma palavra que ainda não faz parte do dicionário da maioria das pessoas. Cada tonelada de alumínio reciclada poupa a retirada de 5 toneladas de minério de bauxita.

" Uma pessoa que tem vontade de trabalhar não sente cansaço, então, se um dia te falarem que eu morri catando sucata, saiba que morri feliz pois, sei que fiz um bem para natureza, complementa Honorinda.

Odair Furnielis