E se autonomia significa liberdade, seu filho pode nascer livre.

Durante a gravidez encontrei um grupo que tratava de preparar os futuros pais para o convívio com os filhos. O mais importante para mim foi a oportunidade de falar sobre o medo do parto e o medo de virar mãe. Nessa época sonhava que dava luz a um menino grande, com um ano de idade. Estava tão assustada com o parto e com a dor do parto que decidi desenhar meus medos. O resultado é uma coleção de desenhos assustadores de pessoas com caras distorcidas, mulheres sofrendo com barrrigas enormes em cores fortes. Essa não é a imagem do parto pra mim, mas a imagem do medo do parto. O medo do parto e o medo da dor não podem ser ignorados.

Ao todo foram 13 horas de trabalho de parto, meu filho nasceu com o cordão umbilical enrolado duas vezes no pescoço mas para a parteira e pro médico, tudo foi muito dentro da normalidade. Não fiz cesariana, não tomei anestesia e não passei por uma episotomia. Uma hora depois estava bem, andando, então entendi que era sobre isso tudo que falávamos no grupo. Falávamos de um processo longo, cheio de detalhes e responsabilidade, mas muito normal, que acontece todos os dias em todas as partes do mundo.

Dani e eu viramos cúmplices dessa primeira dificuldade e dessa primeira conquista da vidinha dele. Ele foi tão ativo quanto eu. E se a preocupação sempre é com o bebê, então deixemos os pequeninos tomarem parte dessa vivência como devem tomar, conscientes e de uma certa forma também autônomos.

Não concordo com a frase "pelo menos a criança é saudável". Acho que isso é muito importante mas não pode esconder o problema da falta de preparo das mulheres e a falta de consciência do processo todo. A mulher também tem que ter uma experiência saudável e bonita. Eu tive uma sensação plena de autonomia ao dar a luz, um dos processos mais comuns da vida.

Marcia, web designer, 26 anos.

* * *