* A igreja católica tem como seu fundador o próprio Jesus Cristo (Mt 16, 18-19)
* A Igreja Católica é governada
segundo a forma bíblica:
Bispos: (Atos 20,28, flp 1,1, Tt 1,8)
Presbíteros = Anciãos: (Atos 15, 2-6,
21,18, 1 Pdr 5,1)
Diáconos: (Atos 6, 1-6)
* A Igreja Católica comprova a sua autoridade com a sucessão apostólica.
* A Igreja Católica foi confirmada
por Deus e inaugurada para o mundo com a vinda do Espírito
Santo em Pentecostes (Atos 2).
* A Igreja Católica segue a
advertência bíblica contra as divisões, cismas e sectarismo
(Mt 12,25;16,18; Jo 10,16;17,20-23; Atos
4,32; Rom 13,13; 1 Cor 1,10-13; 3,3-4;10,17,11,18-
19;12,12-27;14,33....)
* A Igreja Católica está
fundamentada na autoridade da Bíblia (Hbr 4,12-13;
2Tm 3,16-17); da
Tradição,
isto é, o conteúdo da doutrina cristão vindo desde o começo do cristianismo
que
garante a continuidade da única e
mesma mensagem de Cristo (2Ts 2,15 consultar Bíblia de
Jerusalém e a versão protestante
João Ferreira de Almeida; 1Cor 11,2) e do Magistério,
isto
é, a palavra do Papa e dos Bispos
unidos a ele (Mt 16, 19; Lc 10,16).
* A Igreja católica recebeu a
missão de ensinar a verdade e cuidar da Sã doutrina (Mt 28,19-20
e Atos 2,42), e assim evitar o erro
das interpretações particulares que provocam discussões e
divisões. Ela é "coluna e
sustentáculo da verdade" (1 Tm 3,15)
* A Igreja Católica conservou
a Bíblia com todos os livros do Antigo Testamento (46 livros),
conforme o uso dos primeiros
cristãos e confirmado pelos Concílios regionais de Hipona (393)
Cartago III (397), Cartago IV (419) e
Trulos (692). E, quanto ao Novo Testamento, inspirada
por Deus, estabeleceu os 27 livros.
Foi ela também quem dividiu a Bíblia em Capítulos e
versículos para facilitar a sua
leitura.
* A Igreja Católica tem os
sete sinais da graça de Deus, Os Sacramentos:
Batismo (Mt 28, 19)
Crisma (Atos 8,18)
Eucaristia (Mt 26, 26-29)
Reconciliação ou confissão (Jo
20,23)
Matrimônio (Mt 19, 3-9)
Unção dos enfermos: (Tg 5, 13-15)
Ordem (instituído por Jesus durante
a última ceia, quando disse aos seus apóstolos na última
ceia: "Fazei isto em memória
de mim" (Lc 22,19)
* A Igreja católica acredita
que o batismo é necessário para receber a salvação (Mc 16,16),
o perdão dos pecados, o Espírito
Santo (Atos 2,38) e tornar-se membro da Igreja (atos 2,41).
* A Igreja católica continua a
conceder o sacramento da Crisma do mesmo modo como no
passado (Atos 8, 18), isto é, pelos
bispos, sucessores dos apóstolos.
* A Igreja católica crê na
presença real de Jesus na eucaristia (Jo 6,51.53-56). Ela vive fielmente
as palavras da última ceia: "Isto
é o meu corpo, que é dado por vós... Este Cálice é a Nova
Aliança em meu sangue, que é
derramado por vós" (Lc 22, 19.20).
* A Igreja católica mantém a
prática de dar uma nova oportunidade de perdão dos pecados
através do sacramento da penitência
ou confissão, conforme a vontade do seu fundador
(Jo 20,23).
* A Igreja Católica professa
ser o matrimônio indissolúvel, conforme o ensino de seu fundador
(Mt 19,3-9). E ao mesmo tempo tem
misericórdia e acolhe com amor aqueles (as) que passaram
pela dura experiência da
separação.
* A Igreja católica continua o
sacerdócio instituído por Jesus Cristo na última ceia (Lc 22,14-20),
e continuado desde a Igreja primitiva
(Atos 6,6; 14,22; 1 Tm 4,14; 2Tm 1,6) até os nossos dias.
* A Igreja continua a prática
da unção dos enfermos para pedir a cura para espírito, alma e
corpo, conforme ensino bíblico (Mc
6,13; 1Cor 12,9; Tg 5, 14-15) e a prática dos primeiros
Cristãos passada de geração em
geração até aos nossos dias.
* A Igreja Católica venera a
Virgem Maria conforme uma profecia bíblica (Lc 1,48) e a vontade
do próprio Jesus (Jo
19,25-27).
* A Igreja Católica professa
quatro verdades fundamentais sobre Maria:
1º - Ela é a mãe de Deus (Lc 1,43)
2º - Permaneceu virgem antes,
durante e depois de dar a luz ao Filho de Deus (Mt 1,16.18)
3º - Em vista do seu divino Filho
foi concebida sem pecado (Imaculada Conceição) (Lc 1,28)
4º - Terminado o seu tempo na terra
foi elevada ao céu em corpo e alma (Assunção)
(Ap 12,1-14)
* A Igreja Católica aceita a
autoridade dos Concílios Ecumênicos realizados desde o início
do Cristianismo (Atos 15), e no
decorrer dos séculos foram definindo a doutrina Cristã.
* A Igreja Católica crê na
doutrina bíblica:
Do céu (1Cor 2,9; Ap 21, 3-4),
Inferno (Mc 9,43-44)
Purgatório e no valor da oração
pelos mortos (2Mac 12,39-45); 1Cor 3,11-15; Tb 12,12;
1Cord 15,29; 2Tm 1,16-18).
* A Igreja Católica acredita
na eficácia da intercessão da Virgem Maria e dos Santos, conforme
me o testemunho apresentado pela
própria Escritura (Gn 18, 23-31; Ex 32, 11-14; Rom 1,9;
Tg 5,16), e o testemunho de Cristãos
que atribuem as graças alcançadas à intercessão dos
Santos.
* A Igreja Católica crê na
existência dos anjos, e também na eficácia do seu auxílio.
(Ex 23,20-23; Tb 3,25, Sl 90,11).
* A Igreja Católica acredita
que cada pessoa tem um anjo da guarda (Sl 33,8; Mt 18,10; Atos
12,15; Hbr 1,14).
A Verdade nos é dada a conhecer por Deus através da Escritura, interpretada à luz da Tradição pelo Magistério.
O que é a Escritura?
O que é a Tradição?
O que é o Magistério?
A Igreja
Seitas
A Graça de Deus
Comunhão dos Santos
Nossa Senhora
"Irmãos" do Senhor
Imagens
Os Sacramentos
Santificação do Domingo
São sete as razões principais pelas quais não sou protestante:
Os protestantes afirmam que seguem a Bíblia como norma de fé. Acontece, porém, que a Bíblia utilizada por todos os protestantes é uma só; em português, vem a ser a tradução de Ferreira de Almeida. Por que então não concordam entre si no tocante a pontos importantes (ver nº 2 adiante)? E por que não constituem uma só comunidade cristã, em vez de serem centenas e centenas de denominações separadas (e até hostis) entre si?
A razão disto é que, além da Bíblia, seguem outra fonte de fé e disciplina... fonte esta que explica as divergências do Protestantismo.
Tal fonte, chamamo-la Tradição oral; é esta que dá vida e atualidade à letra do texto. A tradição oral do Catolicismo começa com Cristo e os Apóstolos, ao passo que as tradições orais dos protestantes começam com Lutero (1517), Calvino (1541), Knox (1567), Wesley (1739), Joseph Smith (1830)...
Entre Cristo e os Apóstolos, de um lado, e os fundadores humanos das denominações protestantes, do outro lado, não há como hesitar: só se pode optar pelos ensinamentos de Cristo e dos Apóstolos, deixando de lado os "profetas" posteriores.
Notemos que o próprio texto da Bíblia recomenda a Tradição oral, ou seja, a Palavra de Deus que não foi consignada na Bíblia e que deve ser respeitada como norma de fé. Os autores sagrados não tiveram, em vista expor todos os ensinamentos de Jesus, como eles mesmos dizem:
A linha continua... conforme 2Tm 2,2:
Desta forma a Escritura mesma atesta a existência de autênticas proposições de Cristo a ser transmitidas por via meramente oral de geração a geração, sem que os cristãos tenham o direito de as menosprezar ou retocar. A Igreja é a guardiã fiel dessa Palavra de Deus oral e escrita.
Dirão: mas tudo o que é humano se deteriora e estraga. Por isto a Igreja deve ter deteriorado e deturpado a palavra de Deus; quem garante que esta ficou intacta através de vinte séculos na Igreja Católica?
Quem o garante é o próprio Cristo, que prometeu sua assistência infalível a Pedro e as luzes do Espírito Santo a todos os seus Apóstolos ou à sua Igreja; ver Mt 16, 16-18; Lc 22,31s; Jo 21,15-17; Jo 14, 26; 16,13-15.
Não teria sentido o sacrifício de Cristo na Cruz se a mensagem pregada por Jesus fosse entregue ao léu ou às opiniões subjetivas dos homens, sem garantia de fidelidade através dos séculos. Jesus não pode ter deixado de instituir o magistério da sua Igreja com garantia de inerrância.
0 fato de que não seguem somente a Bíblia, explica as contradições do
Protestantismo:
Ademais, todos os protestantes dizem que a Bíblia contém 39 livros do Antigo Testamento e 27 do Novo Testamento, baseando-se não na Bíblia mesma (que não define o seu catálogo), mas unicamente na Tradição oral dos judeus de Jâmnia reunidos em Sínodo no ano 100 d.C.;
Todos os protestantes afirmam que tais livros são inspirados por Deus, baseando-se não na Bíblia (que não o diz), mas unicamente na Tradição oral.
Onde está, pois, a coerência dos protestantes?
Pelo seu modo de proceder, afirmam o que negam com os lábios; reconhecem que a Bíblia não basta como fonte de fé. É a Tradição oral que entrega e credencia a Bíblia.
Há passagens da Bíblia que os fundadores do Protestantismo no século
XVI não aceitaram como tais; por isto são desviadas do seu destino
original muito evidente:
Em Jo 6,51 Jesus também afirma: "O pão que eu darei, é a minha carne para o mundo". Aos judeus que zombavam, o Senhor tornou a afirmar: "Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. Quem come minha carne e bebe o meu sangue, tem a vida eterna eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha carne é verdadeiramente uma comida e o meu sangue verdadeiramente uma bebida".
Apesar disto, os protestantes não aceitam o sacramento do perdão e da reconciliação! (Jo 21,17).
Se assim é, por que é que "os seguidores da Bíblia" não aceitam a real presença de Cristo no pão e no vinho consagrados?
Disse mais a Pedro: "Simão, Simão... eu roguei por ti, a fim de que tua fé não desfaleça. E tu, voltando-te, confirma teus irmãos" (Lc 22,31s).
Ainda a Pedro: "Apascenta as minhas ovelhas" (Jo 21,15).
Apesar de tão explícitas palavras de Jesus, os protestantes não reconhecem o primado de Pedro! Por que será?
"Recebei o Espiríto Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem não os perdoardes, não serão perdoados" (Jo 20,22s).
"Dou um conselho como homem que, pela misericórdia do Senhor, é digno de confiança... 0 tempo se fez curto. Resta, pois, que aqueles que têm esposa, sejam como se não a tivessem; aqueles que choram, como se não chorassem; aqueles que se regozijam, como se não se regozijassem; aqueles que compram, como se não possuíssem; aqueles que usam deste mundo, como se não usassem plenamente. Pois passa a figura deste mundo. Eu quisera que estivésseis isentos de preocupações. Quem não tem esposa, cuida das coisas do Senhor e do modo de agradar ao Senhor. Quem tem esposa, cuida das coisas do mundo e do modo de agradar à esposa, e fica dividido. Da mesma forma a mulher não casada e a virgem cuidam das coisas do Senhor, a fim de serem santas de corpo e de espírito. Mas a mulher casada cuida das coisas do mundo; procura como agradar ao marido" (1Cor 7,25-34).
Ora os protestantes nunca citam tal texto quando se referem ao celibato e à virgindade consagrada a Deus. É estranho, dado que eles querem em tudo seguir a Bíblia.
Jesus prometeu à sua Igreja que estaria com ela até o fim dos tempos (cf. Mt 28,20); prometeu também aos Apóstolos o dom do Espírito Santo para que aprofundassem a mensagem do Evangelho (cf. Jo 14,26; 16,13s).
Não obstante, os protestantes se afastam da Igreja assim assistida por
Cristo e pelo Espírito Santo para fundar novas "igrejas". São
instituições meramente humanas, que se vão dividindo, subdividindo e
esfacelando cada vez mais; empobrecem e pulverizam sempre mais a mensagem do
Evangelho, reduzindo-a:
0 fato de só quererem seguir a Bíblia (que na realidade é inseparável de Tradição oral, que a berçou e a acompanha), tem como conseqüência o subjetivismo dos intérpretes protestantes. Alguns entram pelos caminhos do racionalismo e vêm a ser os mais ousados dilapidadores ou roedores das Escrituras (tal é o caso de Bultmann, Marxsen, Harnack, Reimarus, Baur...). Outros preferem adotar cegamente o sentido literal, sem o discernimento dos expressionismos próprios dos antigos semitas, o que distorce, de outro modo, a genuína mensagem bíblica.
Isto acontece, porque faltam ao Protestantismo os critérios da Tradição ("o que sempre, em toda a parte e por todos os fiéis foi professado"), critérios estes que o magistério da Igreja, assistido pelo Espírito Santo, propõe aos fiéis e estudiosos, a fim de que não se desviem do reto entendimento do texto sagrado.
Quem lê um folheto protestante dirigido contra as práticas da Igreja Católica (veneração, não adoração das imagens, da Virgem Santíssima, celibato...), lamenta o baixo nível das argumentações: são imprecisas, vagas, ou mesmo tendenciosas; afirmam gratuitamente sem provar as suas acusações; não raro baseiam-se em premissas falsas, datas fictícias, anacronismos.
As dificuldades assim levantadas pelos protestantes dissipam-se desde que se estudem com mais precisão a Bíblia e as antigas tradições do Cristianismo. Vê-se então que as expressões da fé e do culto da Igreja Católica não são senão o desabrochamento homogêneo das virtualidades do Evangelho; sob a ação do Espírito Santo, o grão de mostarda trazido por Cristo à terra tornou-se grande árvore, sem perder a sua identidade (cf. Mt 13,31 s); vida é desdobramento de potencialidades homogêneo. Seria falso querer fazer disso um argumento contra a autenticidade do Catolicismo. Está claro que houve e pode haver aberrações; estas, porém, não são padrão para se julgar a índole própria do Catolicismo.
A dificuldade básica no diálogo entre católicos e protestantes está nos critérios da fé. Donde deve o cristão haurir as proposições da fé: da Bíblia só ou da Bíblia e da Tradição oral?
Se alguém aceita a Bíblia dentro da Tradição oral, que lhe é anterior, a berçou e a acompanha, não tem problema para aceitar tudo que a Palavra de Deus ensina na Igreja Católica, à qual Cristo prometeu sua assistência infalível.
Mas, se o cristão não aceita a Palavra de Deus na sua totalidade oral e escrita, ficando apenas com a escrita (Bíblia), já não tem critérios objetivos para interpretar a Bíblia; cada qual dá à Escritura o sentido que ele julga dever dar, e assim se vai diluindo e pervertendo cada vez mais a Mensagem Revelada. A letra como tal é morta; é a Palavra viva que dá o sentido adequado a um texto escrito.
Jesus fundou sua Igreja e a entregou a Pedro e seus sucessores. Sim, Ele disse ao Apóstolo:
"Tu és Pedro e sobre essa pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do Inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos céus, e o que ligares na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus" (Mt 16,18s).
Notemos: Jesus se refere à sua Igreja (Ele só tem uma Igreja) e Ele a entregou a Pedro... A Pedro e a seus sucessores, pois Pedro é o fundamento visível ("sobre essa pedra edificarei..."); ora, se o edifício deve ser para sempre inabalável, o fundamento há de ser para sempre duradouro; esse fundamento sólido não desapareceu com a morte de Pedro, mas se prolonga nos sucessores de Pedro, os Papas.
Ora, Lutero e seus discípulos desprezaram a Igreja fundada por Jesus, e fundaram (como até hoje ainda fundam) suas "igrejas". Em conseqüência, cada "igreja" protestante é uma sociedade meramente humana, que já não tem a garantia da assistência infalível de Jesus e do Espírito Santo, porque se separou do tronco original.
A experiência mostra como essas "igrejas" se contradizem e ramificam em virtude de discórdias e interpretações bíblicas pessoais dos seus fundadores; predomina aí o "eu acho" dos homens ou de cada "profeta" de denominação protestante.
Mas... as falhas humanas da Igreja não são empecilho para crer?
Em resposta devemos dizer que o mistério básico do Cristianismo é o da Encarnação; Deus assumiu a natureza humana, deixou-se desfigurar por açoites, escarros e crucificação, mas desta maneira quis salvar os homens. Este mistério se prolonga na Igreja, que São Paulo chama "o Corpo de Cristo" (Cl 1,24; 1Cor 12,27). A Igreja é humana; por isto traz as marcas da fragilidade humana de seus filhos, mas é também divina; é o Cristo prolongado; por isto os erros dos homens da Igreja não conseguem destruí-la; são, antes, o sinal de que é Deus quem vive na Igreja e a sustenta.
Numa palavra, o cristão há de dizer com São Paulo: "A Igreja é minha mãe" (cf. Gl 4,26). Ao que São Cipriano de Cartago (+258) fazia eco, dizendo: "Não pode ter Deus por Pai quem não tem a Igreja por Mãe" ("Sobre a Unidade de Igreja", cap. 4).
A grande razão pela qual o Protestantismo se torna inaceitável ao cristão que reflete, é o subjetivismo que o impregna visceralmente. A falta de referenciais objetivos e seguros, garantidos pelo próprio Espírito Santo (cf. Jo 14,26; 16,13s), é o principal ponto fraco ou o calcanhar de Aquiles do Protestantismo. Disto se segue a divisão do mesmo em centenas de denominações diversas, cada qual com suas doutrinas e práticas, às vezes contraditórias ou mesmo hostis entre si.
0 Protestantismo assim se afasta cada vez mais da Bíblia e das raízes do Cristianismo (paradoxo!), levado pelo fervor subjetivo dos seus "profetas", que apresentam um curandeirismo barato (por vezes, caro!) ou um profetismo fantasioso ou ainda um retorno ao Antigo Testamento com menosprezo do Novo.
Esta diluição do Protestantismo e a perda dos valores típicos do Cristianismo estão na lógica do principal fundador, Martinho Lutero, que apregoava o livre exame de Bíblia ou a leitura da Bíblia sob as luzes exclusivas da inspiração subjetiva de cada crente; cada qual tira das Escrituras "o que bem lhe parece ou lhe apraz"!
A Igreja Católica, desde os tempos apostólicos ensina que além da Sagrada Escritura, também é necessário para a formação doutrinal e moral da Igreja, a Sagrada Tradição (compreendendo aí os ensinamentos dos apóstolos e dos primeiros cristãos) e o Sagrado Magistério (compreendendo o que os Concílios, o Bispo de Roma em particular, e em comunhão com ele todos os Bispos definem e ensinam como verdades de fé e moral).
Tal tríade abençoada (Sagrada Escritura, Sagrada Tradição e Sagrado Magistério) foram e são os responsáveis pelo desenvolvimento e manutenção de toda a doutrina católica nestes vinte séculos de história cristã.
O Protestantismo nega tanto a Tradição quanto o Magistério legitimamente instituído por Jesus Cristo. Para eles, a única regra é a Sola Scriptura (ou seja, somente a Bíblia e nada mais do que ela é regra de fé e de moral) interpretada livremente por qualquer pessoa (método do livre exame). Eis Martinho Lutero a dizê-lo sem rodeios: "a todos os cristãos e a cada um em particular pertence conhecer e julgar a doutrina. Anátema a quem lhe tocar um fio deste direito" (Conforme D. M. Luthers, Werke, Kritische Gesamtausgabe. Weimar, X. 2 Abt., p. 217, 1883 ss). Como se dissesse a cada um de seus seguidores: "Eia pois, valoroso cristão! Tu és mestre de ti mesmo. Despreza tudo o que os primeiros cristãos, os Bispos e os Concílios definiram como verdade. Toma tu a Bíblia, senta em tua saleta e defina tu mesmo o teu cristianismo!"
Procuraremos demonstrar - se Deus o consentir - que ao abandonar tanto a Sagrada Tradição quanto o Sagrado Magistério, o protestantismo provocou inadvertidamente sua própria dissolução doutrinária e orgânica. E hoje, infelizmente, sob o elástico nome de "protestantismo" se abrigam milhares e milhares de seitas doutrinariamente e disciplinadamente discordantes entre si, causando um flagrante escândalo à causa ecumênica e ao desejo expresso de Jesus Cristo: "Para que todos sejam um (...) e o mundo creia que Tu me enviaste" (Jo 17,20-21).
Com efeito, sabemos, a própria Bíblia não caiu pronta dos céus. Quem definiu que cada um dos livros que compõem a Sagrada Escritura era de inspiração Divina foi o Espírito Santo agindo através da Tradição e do Magistério Católico. Isto são fatos históricos! Quem definiu o cânon completo, tanto do Antigo quanto do Novo Testamento, foi o Espírito Santo através da Tradição e do Magistério. Quem definiu que o Novo Testamento e o Velho fosse enfeixado em um único volume dando portanto igual valor entre os dois Testamentos foi a Tradição e o Magistério. Do que viveu a Igreja católica primitiva, durante os primeiros anos de pregação, quando o Novo Testamento ainda não havia sido escrito? Sobreviveu pela Tradição e pelo Magistério!
A própria Bíblia dá testemunho interno da necessidade de uma Tradição e de um Magistério vivo, para interpretá-la e ensiná-la. Transcrevo sobre isto, o magnífico comentário de pe. Leonel Franca: "(a própria Bíblia) inculca a necessidade do ensino vivo, a importância de conservar a tradição, a insuficiência das Escrituras, que segundo afirma São João, não encerra tudo o que ensinou o Salvador (Jo 21,25). Jesus Cristo nunca mandou aos seus discípulos que folheassem um livro para achar a sua doutrina; mandou pelo contrário aos fiéis, que ouvissem aos que Ele mandara pregar: 'quem vos ouve, a mim ouve; se alguém não ouvir a Igreja, seja considerado como infiel e publicano', isto é, não pertencente a minha Igreja: 'se alguém não vos receber nem ouvir vossas palavras, saindo da casa ou da cidade sacudi até o pó dos sapatos'; 'Pai oro não só por estes (Apóstolos) mas por todos os que hão de crer em mim mediante a sua palavra, a fim de que sejam todos uma coisa só'. Foi Jesus ainda quem prometeu o seu Espírito de Verdade, a sua assistência espiritual, todos os dias, até a consumação dos séculos, para que os apóstolos vivendo moralmente em seus sucessores (os bispos) continuassem até o final dos tempos a ensinar sempre tudo o que Ele nos mandou. Eis, meus caros leitores, o que diz a Bíblia" (Franca, pe. Leonel, I.R.C., 1958, pg.216-7).
Quando se fala de Magistério, evidentemente se fala do magistério legítimo, constituído por Jesus Cristo, o qual prometeu assistência especial e infalível até o final dos tempos: "Recebei o Espírito Santo (...) Eu estarei convosco até o final do tempos". Hoje, qualquer papalvo se atribui a si mesmo o título de "bispo" e sai por aí a fundar seitas e pregar doutrinas. Evidentemente este não é um magistério legítimo. O indivíduo que a si mesmo se premia com o título de "bispo", nada mais é que um mentiroso sacrílego.
Os próprios apóstolos ensinaram à exaustão a respeito da necessidade da Sagrada Tradição e do Magistério legitimamente constituído. Vejamos S. João em suas últimas duas epístolas dizer expressamente que não quis confiar tudo por escrito, mas havia outras coisas que comunicaria à viva voz (2Jo 1,12; 3Jo 1,14). O apóstolo São Paulo, inculca fortemente a necessidade de uma tradição e um magistério vivo: "Estais firmes, irmãos e conservai as tradições que aprendestes ou de viva voz..." (2Tes 2,15); "que vos aparteis de todos os que andam em desordens e não segundo a tradição que receberam de nós"(2Tes 3,6); "O que de mim ouvistes por muitas testemunhas, ensina-o a homens fiéis que se tornem idôneos para ensinar aos outros"(2Tim 2,2). A Igreja fundada por Cristo, portanto, seria ela "a coluna e o firmamento da verdade" (1Tim 3,15). A Igreja fundada por Cristo portanto é maior que a Sagrada Escritura. Pois a Igreja é quem a escreveu, a definiu, a interpreta e a ensina. Os primeiros cristãos seguindo os ensinamentos dos apóstolos e já de posse da Sagrada Tradição e do Sagrado Magistério, nem pensam ser a Bíblia a única regra de fé. Aqui, por falta de espaço, vamos respigar apenas algumas citações da vasta seara dos testemunhos primitivos:
Na mesma obra assevera que onde estiver a verdadeira Igreja, "aí se achará a verdade das Escrituras, da sua interpretação e de todas as tradições cristãs" ( Idem, De Praescript., c. 19 ML, II, 31).
Pois não é exatamente isto que constatamos na Igreja Católica? Dois mil anos de existência ininterrupta. E que constância doutrinária e moral admirável! Quantas perseguições e vicissitudes e no entanto "as portas do inferno não prevaleceram". Parte desta unidade e estabilidade maravilhosa devemos certamente à instituição da Sagrada Tradição e do Sagrado Magistério por Cristo e pelos apóstolos.
O protestantismo negando tanto a Tradição quanto o Magistério sofre desde os seus primórdios uma desintegração doutrinária assombrosa. Onde Cristo fundou a Igreja Católica sobre a Rocha, Lutero e Cia fundaram a Igreja Evangélica sobre a areia movediça da sola scriptura e do livre exame. E logo nas primeiras ventanias, pôs-se a casa dos reformadores a desabar fragorosamente: tábuas lançadas aqui e ali, telha lá e acolá, junturas e cacos em todas as direções.
As divisões e subdivisões do Protestantismo desafiam hoje a paciência dos mais abnegados dos estatísticos.
Vejamos como no princípio deste século, o Reverendíssimo Pe. Leonel Franca já chamava a atenção para este fato, descrevendo lucidamente o processo de desagregação doutrinária do protestantismo, baseado no método da sola scriptura e do livre exame: "Na nova seita (protestantismo) não há autoridade, não há unidade, não há magistério de fé. Cada sectário recebe um livro que o livreiro lhe diz ser inspirado e ele devotamente o crê sem o poder demonstrar; lê-o, entende-o como pode, enuncia um símbolo, formula uma moral e a toda esta mais ou menos indigesta elaboração individual chama cristianismo evangélico. O vizinho repete na mesma ordem as mesmas operações e chega a conclusões dogmáticas e morais diametralmente opostas. Não importa; são irmãos, são protestantes evangélicos, são cristãos, partiram ambos da Bíblia, ambos forjaram com o mesmo esforço o seu cristianismo" (In I.R.C. Pg. 212 ,7ª ed.).
Vejamos alguns exemplos práticos: um fiel evangélico quer mudar de seita? Precisa-se rebatizar? Umas igrejas dizem sim, outras não. Umas admitem o batismo de crianças, outras só de adultos, umas admitem a aspersão, infusão e imersão. Aquela outra só imersão, e mesmo há grupelho que só admite batismo em água corrente e sem cloro! Aqui e ali as fórmulas de batismo são tão variadas como as cores do arco-íris. Quer o sincero evangélico participar da Santa Ceia? Há seitas que consideram o pão apenas pão (pentecostais) outras que o pão é realmente o corpo de Cristo (Luteranos, Episcopais e outros). Uns a praticam com pão ázimo, outras com pão comum, aqui com vinho, lá com vinho e água, acolá com suco de uva. A Santa Ceia pode ser praticada diariamente, mensalmente, trimestralmente, semestralmente, anualmente ou não ser praticada nunca. Trata-se de ministérios ordenados? Esta seita constitui Bispos, presbíteros e diáconos. Àquela só presbíteros e pastores, ali pastores e anciãos, lá Bispos e anciãos, acolá presbíteros e diáconos, outras não admitem ministro nenhum. Umas igrejas ordenam mulheres, outras não. E por aí, atiram os evangélicos em todas as solfas quando o assunto é ministério ordenado. Após a morte, o que espera o cristão? Pode um crente questionar seu pastor sobre isto? E as respostas colhidas entre as denominações seria tão rica e variada quanto a fauna e a flora. Há Pastor que prega que todos estarão inconscientes até a vinda de Cristo quando serão julgados; outros pregam o "arrebatamento" sem julgamento; outros, uma vida bem-aventurada aqui mesmo na terra; aqueles lá doutrinam que após a morte já vem o céu e o inferno; no outro quarteirão, se ensina que o inferno é temporário; opinam alguns que ele não existe; e tantas são as doutrinas sobre os novíssimos quanto os pastores que as pregam. Está cansado o fiel da esposa da sua juventude? Não tem importância, sempre encontrará uma seita a lhe abrir risonhamente as portas para um novo matrimônio. E de vez em quando não aparece um maluco aqui e ali aprovando a poligamia? Lutero mesmo admitiu tal possibilidade: "Confesso, que não posso proibir tenha alguém muitas esposas; não repugna às Escrituras; não quisera porém ser o primeiro a introduzir este exemplo entre cristãos" (Luthers M.., Briefe, Sendschreiben (...) De Wette, Berlin, 1825-1828, II. 259). Não há uma pesquisa nos Estados Unidos que demonstra que entre os critérios para um evangélico escolher sua nova igreja está o tamanho do estacionamento? Eis o que é hoje o protestantismo.
Vejamos neste passo a afirmação de Krogh Tonning famoso teólogo protestante norueguês, convertido ao catolicismo, que no século passado já afirmava: "Quem trará à nossa presença uma comunidade protestante que está de acordo sobre um corpo de doutrina bem determinado? Portanto uma confusão (é a regra) mesmo dentre as matérias mais essenciais" (Le protest. Contemp., Ruine constitutionalle, p. 43 In I.R.C., Franca, L., pg 255. 7ª ed, 1953).
Mas o próprio Lutero que saiu-se no mundo com esta novidade da sola scriptura viveu o suficiente para testemunhar e confessar os malefícios que estas doutrinas iriam causar pelos séculos afora: "Este não quer o batismo, aquele nega os sacramentos; há quem admita outro mundo entre este e o juízo final, quem ensina que Cristo não é Deus; uns dizem isto, outros aquilo, em breve serão tantas as seitas e tantas as religiões quantas são as cabeças" (Luthers M. In. Weimar, XVIII, 547 ; De Wett III, 6l). Um outro trecho selecionado, prova que o Patriarca da Reforma tinha também de quando em quando uns momentos de bom senso: "Se o mundo durar mais tempo, será necessário receber de novo os decretos dos concílios (católicos) a fim de conservar a unidade da fé contra as diversas interpretações da Escritura que por aí correm" (Carta de Lutero à Zwinglio In Bougard, Le Christianisme et les temps presents, tomo IV (7), p. 289).
Gostaríamos de terminar por aqui para não sermos enfadonhos. Quando o Pai do Protestantismo, diante da dissolução das seitas, já há quinhentos anos atrás, confessa ao outro "reformador" que seria necessário receber de novo o Sagrado Magistério (Concílios) para manter a unidade, a regra do livre exame e da sola scriptura já está julgada por si mesma.