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CURA INTERIOR

 

    Há muitas pesquisas recentes, feitas com pacientes de câncer no mundo todo, que apontam para uma relação dos estados emocionais com o sistemas imunológico. "Um suporte emocional para o doente é fundamental para dinamizar o tratamento médico", lembra Edmundo Silva Barbosa, o psicólogo que fundou e estruturou as técnicas de atuação do ReVida, há 18 anos. Edmundo aplica no ReVida as idéias de vários médicos que apostaram na relação mente-corpo depois de se fazerem uma pergunta que parece elementar: por que algumas pessoas se curam e outras não? O que existe na mente e no coração dos sobreviventes que os ajuda a vencer o câncer.

    Foram perguntas como essas que serviram como ponto de partida para o casal Simonton - Carl e Stephanie, ambos médicos - criar, há 25 anos, nos Estados Unidos, o Método Simonton. Eles mixaram técnicas de meditação, relaxamento e neurolinguística para cirar um trabalho de suporte psicoterápico para pacientes de câncer. E chegaram a resultados surpreendentes, como prova uma de suas primeiras pesquisas: durante quatro anos tratando 159 pacientes considerados incuráveis, eles conseguiram o total desaparecimento da doença em 22,2% dos casos. Outros 19,1% dos pacientes tiveram uma regressão do tumor e 27,1% conseguiram estabilizar o seu estado clínico. E mesmo os pacientes que não se curaram da doença viveram o dobro do tempo em relação àqueles que receberam apenas o tratamento convencional.

    Outro psicoterapeuta americano, Lawrence LeShan, também desenvolveu vários estudos de casos mostrando como transformações psicológicas tinham o poder de mobilizar o sistema imunológico comprometido com a cura. Simonton e LeShan foram o começo de tudo, nesse caminho que visa provar a estreita relação que há entre mente e corpo.

    Nas reuniões do grupo de apoio, o psicólogo Edmundo Barbosa tem muito mais doq ue um bom embasamento teórico. Ele conta com as dramáticas e reveladoras experiências de vida de cinco colaboradoras, todas ex-pacientes de câncer que, agora, ajudam outras pessoas a superarem a doença.

    A cientista política Wilma Keller deverá ser a próxima aquisição do grupo. Vítima de um coriocarcinoma, um tipo raro de câncer que se desenvolve a partír de uma gestação, Wilma relutou em participar da primeira reunião. Hoje, três anos após o diagnóstico, e com perspectivas concretas de cura, Wilma já se prepara para uma nova vida. "Sei que não existe a menos possibilidade de eu esquecer a doença. Ela me marcou. Deixei de ser a pessoa excessivamente racional que eu era, descobri as emoções. E já estou fazendo um treinamento para compor o quadro de profissionais do ReVida.

(GLOBO CIÊNCIA, Nº 81, ABRIL/1998)

 

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