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OS PROBLEMAS REAIS
Há um programa televisivo matutino, por acaso na SIC, em que se telefona para casa de pessoas reformadas e se lhe propõe um prémio pecuniário, no factor multiplicativo, de 1 a 10, fornecido por uma roleta, em relação ao valor de cada pensão apresentada.
E, na sua maior parte, as pensões de reforma são bastante baixas.
Uns dias atrás assisti a um desses episódios e fiquei surpreendido com o valor indicado pela espectadora: 26 contos, ou pouco mais. Era viúva havia dois anos e tinha de viver a cargo de uma filha.
E a minha surpresa relaciona-se com a facilidade com que o nosso País se condói das tragédias por esse mundo
fora, como se lançam campanhas, se oferecem voluntários, se despendem milhões do erário publico e os políticos apresentam aquele ar compungido para desempenhar, na cena internacional, o papel solidário de um novo-riquismo que pretende estar em todas as frentes...
menos na sua própria frente.
Essa seria, pois, se verdadeira, uma boa atitude. Se verdadeira e se consciente de que em Portugal se multiplicam situações muito difíceis. E ainda mais difíceis por se tratar de pobreza envergonhada que degradou, pelo tempo e pela fraca intervenção social do Estado, vidas correctas e dignas.
Vidas obrigadas a engolir em silenciosas lágrimas, o sofrimento ocasionado pela perca de familiares dos quais dependiam, acumulado com a perda do sereno equilíbrio salarial, com o aproximar da velhice, com a falta de uma assistência eficiente na saúde e complementar nos apoios ao idoso. E por
último, a falta de segurança pessoal cujos contornos atingem sempre o mais fraco.
Como se pode embandeirar em arco, perante um rendimento mínimo de motivações políticas e concedido a muito boa gente com capacidade para trabalhar (e não o faz porque não quer) e se deixa à margem os idosos de fracos recursos pensionados entre os 20 e os 30 contos?
Como podem os deputados estar mal pagos (como disse o Deputado-mór) e a maior parte dos dirigentes desperdiçar dinheiros públicos em fantasias, institutos para colocação de afilhados ou projectos megalómanos de duvidosa eficácia?
Como pode sobreviver um País com tão pouca sensibilidade para os seus problemas reais?
C. R.
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UMA LÂMPADA MUITO BUROCRÁTICA
Na cerimónia de lançamento do livro de Macário Correia, ocorrida no dia 25 de Abril, o presidente teceu algumas considerações acerca da obra realizada e dos projectos a implementar.
A certa altura achou por bem deixar registados alguns casos em que a burocracia e o centralismo das decisões não permitem levar por diante, nos prazos previstos, certas obras e intervenções.
Um desses casos refere-se ao quiosque instalado na placa central da Corredoura. Segundo o edil, já há muito que este espaço deveria estar em funcionamento e a razão pela qual não está resume-se a isto: a instalação de uma lâmpada !!
É que pelo facto da lâmpada estar localizada no interior, terá de ser certo organismo central a autorizar a sua instalação, situação que se arrasta há largos meses, sem que a autarquia se possa movimentar e acelerar o processo.
Como afirma Macário no seu livro: "O poder local é mais eficaz".
Sobretudo quando está o senhor a dirigir esse poder. Não é presidente?!
DO CAOS AO PARAÍSO?!
Então não é que anda um senhor, responsável de certo partido político aqui em Tavira, a profetizar que se Macário ganhar as eleições será o caos?!!
Caos para quem? Para o autor das afirmações? Para o PS local? Para a cidade?
Para além desta afirmação, outros "bombásticos" dizeres foram proferidos, tais como a autoria dos comunicados do PSD, que esse senhor atribui a Macário, a mistura entre pessoal da Câmara e do PSD, etc., etc....
Será que se Macário perder as eleições passaremos do caos ao paraíso?!
E A NOSSA ANIMAÇÃO, SENHORES?
Lá passou a Manifesta2001 pela nossa cidade.
Um rasto de alegria, animação, projectos e produtos deixou a cidade encantada com tal inesperado e original evento.
No alto de S. Brás, a animação infantil; no Largo do Carmo, a mostra de projectos; no jardim e na Rua Borda D'Água da Asseca as feiras de produtos; um espaço jovem; foram algumas das atracções.
Muitas actividades culturais, de lazer, de informação, de formação, enfim, foi realmente um grande ponto de encontro.
Só estranhámos para além da ausência de associações e agremiações cá do burgo, a falta de participação nas actividades de animação de grupos de Tavira e arredores. Não teremos também algo a mostrar em termos de animação?
"ASSIM, NÃO"!!!
Anda para aí um cavalheiro com muitos poderes, dotado de grande prosápia e usando e abusando de certa prepotência, que superintende certa secção dos serviços da autarquia, por quem alguns tavirenses, que com ele contactaram, não se "deixaram morrer de amores".
Segundo sei, trata-se de um desses "Filipes", usando a terminologia adoptada pelo autor de "Tótes-Fora", que para cá vieram e que pensam que isto aqui é tudo deles.
Mas, vamos aos factos:
Certo dia, foi assaltada uma casa, ali para o centro histórico. O proprietário da casa, como medida preventiva, instalou uma vedação de arame farpado, com o intuito de evitar novas "visitas". Não fez mais que recorrer ao instinto primário de defesa!
Eis que chega um dia em que o proprietário é chamado a certo gabinete e é-lhe dito que não pode ter lá o arame farpado, pois não é permitido o seu uso, devido à sua incompatibilidade estética.
Vamos lá ver: defender e preservar a volumetria, estética e originalidade do centro histórico de Tavira é uma coisa. Não deixar que as pessoas se defendam dos assaltantes é outra bem distinta!
Quem escreve estas linhas é um acérrimo defensor da conservação das características típicas de Tavira, mas há limites!!!
Filipe < filipesota@hotmail.com
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O TAPUME E A RELATIVA DIGNIDADE ...
N.da R. - Dois números atrás, a falta de espaço impediu a publicação desta local. Para melhor apreender a ideia deste colaborador, aqui a inserimos com o subtítulo:
I - "O Tapume" e o seu complemento
II - "A relativa dignidade". A primeira foto mantém-se e a segunda esclarece.
I - O Tapume
Quem subir as escadinhas para atingir a zona histórica através da Porta de D. Manuel (em frente à Câmara Municipal) encontra logo à sua esquerda um tapume. A gravura mostra como é.
Mas, muito mais que a foto, o aspecto "In loco" é desolador e um cartão de visita que, pela negativa, atinge o turista e envergonha o "indígena".
Claro que haverá razões, administrativas e outras, a impedir que este espaço deixe de ser um buraco para se transformar em algo que se adapte e enquadre a entrada de uma zona histórica.
Quando há para aí tanta e exagerada exigência de alguns santos da casa, julgo que seria bom olhar primeiro para aquilo que constitui espelho, portal e amostra daquela área especifica da cidade.
Caso contrário, todos quantos ali passam ficarão a olhar de lado e, sem conhecerem razões especificas, irão sempre referir a incúria da situação concreta.
Pelo menos que o tapume se transforme numa forma mais eficaz de conceder uma relativa dignidade ao local.
II - A relativa dignidade
Quem subir as escadinhas encontra agora, três semanas depois, um outro tapume com a tal já requerida dignidade.
Mas, na verdade, nem ele (o novo tapume) tapa inteiramente todo aquele vão e os arbustos que ali crescem, nem se percebe por que razão não se autoriza o seu proprietário a acrescentar adequadas estruturas à Residencial Castelo, acabando de vez com um buraco.
De resto, já se percebeu que se trata de um investidor que vem respeitando as regras que lhe são impostas pela zona histórica. Muito melhor do que em tempos sucedeu com o edifício do Posto de Turismo, desgarrado do equilíbrio envolvente...
Ou será que se pensa descobrir petróleo ou outro qualquer filão (?) em próximas escavações?
F. J.
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" DEVAGAR SE VAI AO LONGE"
Infelizmente, as notícias referentes a acidentes de viação inundam jornais de uma forma tão arrasadora que deixam qualquer condutor perplexo.
Quantas vezes aparece na televisão quadros assustadores que demonstram o n.º de feridos e de mortos? Números cada vez mais dramáticos que dão que pensar.
No passado Domingo, dia 22 de Abril, ao folhear o Diário de Notícias, deparo-me com um artigo acerca do papel que o automóvel exerce na actualidade actual.
Um dos aspectos focados estava relacionado com o facto de o automóvel se tornar no principal meio de descarga, uma vez que vivemos numa sociedade marcada pela "falta de tempo".
Mas, esta "falta de tempo" não será uma desculpa um tanto fora de moda?
Não creio que na época de férias a pressa seja assim tanta. O problema está na cabeça de cada um, que consegue medir o espaço e o termo e termo certo para executar qualquer manobra. Porém, nem sempre as coisas correm da melhor forma...
Excesso de velocidade e manobras perigosas são as principais causas dos acidentes rodoviários. Eu pergunto à consciência de cada um, porquê?
Quantas vezes vamos na estrada e assistimos a ultrapassagens que nos deixam arrepiados? Não sei que mais se pode dizer e fazer para apelar ao bom senso dos condutores.
Certamente que ninguém quer ser vítima de um acidente. Mas, não basta não querer tem que se tomar consciência de que a estrada é um bem colectivo.
Contudo, muitas vezes a palavra de ordem é a pressa e os outros condutores são meros obstáculos que têm que ser "ultrapassados".
A mente humana deveria deixar-se conduzir mais vezes pelo célebre provérbio: "devagar se vai ao longe". Talvez assim, estaríamos menos sujeitos a ver páginas de jornais intituladas de: "morte na estrada".
Ana Rita Guerreiro
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