4. TMN - Telecommunications Management Network

Introdução

Estrutura Funcional

Areas Funcionais

Arquitetura TMN

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4.1. Introdução

A TMN foi desenvolvida com o propósito de gerenciar redes, serviços e equipamentos heterogêneos, operando sobre os mais diversos fabricantes e tecnologias que já possuem alguma funcionalidade de gerência.

Desta forma, a idéia da TMN é proporcionar:

"uma arquitetura organizada, possibilitando a integração e interoperabilidade entre vários tipos de sistemas de operação e os equipamentos de telecomunicações , utilizando modelos genéricos de rede para a gerência, modelos genéricos de informações com interfaces e protocolos padronizadas"

de forma a criar um conjunto de padrões para administradores e fabricantes, utilizados no desenvolvimento e na compra de equipamentos de telecomunicações, e também no projeto da rede de gerência.

A TMN considera as redes e os serviços de telecomunicações como um conjunto de sistemas cooperativos e gerencia-os de forma harmônica e integrada. A figura 4.1 mostra o relacionamento entre a TMN e a rede de telecomunicações por ela gerenciada.

A TMN é, na realidade, uma rede de computadores utilizada para gerenciar uma rede de telecomunicações. A TMN interage com a rede de telecomunicações em vários pontos, através de interfaces padronizadas, podendo utilizar parte da rede de telecomunicações para realizar suas funções.

Algumas redes e serviços que podem ser gerenciadas pela TMN são:

Figura 4.1: TMN e a rede de telecomunicações

4.2. Estrutura funcional

Descrever a estrutura funcional consiste em subdividir funcionalmente a gerência em níveis ou camadas que restringem as atividades de gerência contidas nelas, mas sendo possível a comunicação direta entre camadas não adjacentes. A hierarquia tem o seguinte formato:

Figura 4.2: Hierarquia em camadas da GIRS

4.2.1. Camada de Elemento de Rede

Corresponde às entidades de telecomunicações (software ou hardware) que precisam ser efetivamente monitorados e/ou controlados. Estes equipamentos devem possuir agentes para que possam fornecer as informações necessárias ao sistema de gerência, como coleta de dados de performance, monitoração de alarmes, coleta de dados de tráfego, etc.

4.2.2. Camada de Gerência do Elemento da Rede

Esta camada é responsável pelo gerenciamento dos equipamentos na forma de sub-redes, ou seja, pequenas partes da rede completa devem ser gerenciadas e suas informações sintetizadas para poderem ser aproveitadas pela Gerência de Rede do sistema, que tem assim a visão completa da rede.

4.2.3. Camada de Gerência de Rede

Esta camada gerencia o conjunto de elementos (sub-redes) como um todo, tendo uma visão fim-a-fim da rede. Para isso, ela recebe dados relevantes dos vários sistemas de Gerência de Elemento de Rede e ao processa-os para obter uma visão consisa da rede completa.

4.2.4. Camada de Gerência de Serviço

Esta camada relaciona os aspectos de interface com os clientes, e realiza funções como provisionamento de serviços, abertura e fechamento de contas, resolução de reclamações dos clientes (inclusive relacionados a tarifação), relatórios de falhas e manutenção de dados sobre qualidade de serviço (QoS).

4.2.5. Camada de Gerência de Negócio

É um ponto onde ocorrem as ações executivas, ou seja, é responsável pela gerência global do empreendimento. É neste nível em que são feitos os acordos entre as operadoras e onde são definidos os objetivos.

4.3. Áreas Funcionais

De forma a se englobar toda a funcionalidade necessária ao gerenciamento de uma rede de telecomunicações (planejamento, instalação, operação, manutenção e provisionamento), identificou-se cinco áreas funcionais:

4.3.1. Gerenciamento de Desempenho

O gerenciamento de desempenho envolve as funções relacionadas com a avaliação e relato do comportamento dos equipamentos de telecomunicações e a eficiência da rede. Estas funções se dividem basicamente em dois grupos:

Algumas funções relativas ao gerenciamento de desempenho são: 4.3.2. Gerenciamento de Falhas

O gerenciamento de falhas engloba as funções que possibilitam a detecção, isolação e correção de operações anormais na rede de telecomunicações. As falhas impedem os sistemas de cumprir seus objetivos operacionais e podem ser transientes ou persistentes. As funções de gerenciamento de falhas podem ser divididas em:

Algumas funções do gerenciamento de falhas são: 4.3.3. Gerenciamento de Configuração

O gerenciamento de configuração habilita o usuário a criar e modificar recursos físicos e lógicos da rede de telecomunicações. Suas funções são divididas em:

Algumas funções relativas ao gerenciamento de configuração são: 4.3.4. Gerenciamento de Tarifação

O gerenciamento de tarifação provê um conjunto de funções que possibilitam a determinação do custo associado ao uso da rede de telecomunicações. Algumas funções associadas ao gerenciamento de tarifação são:

* informar aos usuários os custos associados aos recursos consumidos;

* habilitar limites de tarifação e setar agendamentos a serem associados com a utilização dos recursos; * combinar custos quando um requisito de comunicação exigir múltiplos recursos combinados.

4.3.5. Gerenciamento de Segurança

As principais funções que devem se encaixar no gerenciamento de segurança são:

4.4. Arquitetura TMN

A arquitetura TMN tem por objetivo a coordenação do gerenciamento dos sistemas individuais a fim de se obter um efeito global na rede, com os seguintes requisitos:

A arquitetura geral TMN está estruturada em três arquiteturas básicas que podem ser consideradas separadamente no planejamento e projeto de uma TMN: Estas arquiteturas podem ser consideradas como pontos de vista diferentes, que atuando em conjunto formam a TMN como um todo.
 
 

Figura 4.3: Arquiteturas TMN

4.4.1. Arquitetura funcional

Descreve a distribuição apropriada da funcionalidade (blocos funcionais) dentro da rede de gerência. Um bloco funcional ou agrupamento de funções gerais TMN é a base da arquitetura funcional. Através da ditribuição adequada dos blocos de função na rede pode-se implementar uma rede TMN de qualquer complexidade. A definição destes blocos funcionais e dos pontos de referência (fronteiras entre os blocos funcionais através das quais ocorrem as trocas de informações entre eles) entre os blocos, leva à especificação de interfaces padrões de TMN.

A figura 4.4 mostra a localização dos blocos funcionais na TMN:

Figura 4.4: Blocos de referência da arquitetura funcional

4.4.1.1. Blocos Funcionais

OSF - Bloco de Função de Sistemas de Suporte à Operações: processa informações de gerência com o propósito de monitorar, coordenar e controlar funções de telecomunicações, inclusive as próprias funções de gerenciamento (a própria TMN).

NEF - Bloco de Função Elemento de Rede: representa para a TMN as funções de telecomunicações e suporte requeridas pela rede de telecomunicações gerenciada. Essas funções não fazem parte da TMN, mas são representadas para ela através do NEF. A parte da NEF que representa as funções de telecomunicações para a TMN é parte da TMN, enquanto as funções de telecomunicações propriamente ditas não fazem parte da TMN. O bloco NEF possui, ainda, as seguintes funções:

QAF - Bloco de Função Adaptador de Interface Q: conecta a TMN a entidades não TMN. Realiza uma adaptação entre um ponto de referência não TMN (por exemplo, interface proprietária) e um ponto de referência "Q3" ou "Qx" da TMN.

MF - Bloco de Função de Mediação: atua modificando a informação trocada entre a NEF ou QAF e a OSF, de acordo com as características da informação esperada por cada um deles. Os MF podem adaptar, armazenar, filtrar e condensar as informações.

WSF - Bloco de Função Estação de Trabalho: o bloco WSF provê os meios para o usuário interpretar e acessar as informações de gerenciamento, incluindo o suporte para interface homem/máquina (apesar desta não ser considerada parte da TMN).

Figura 4.5: Blocos funcionais e camadas
(obs: os pontos de referência q3 e x serão explicados adiante)

4.4.1.2. Componentes Funcionais

Os componentes funcionais são as estruturas que compõem os blocos funcionais. Eles são descritos a seguir:

Figura 4.6: Componentes funcionas
(obs: note que esta configuração de pontos de referência é apenas um exemplo)

MAF - Management Application Function: a função de aplicação de gerência assume o papel de gerente ou agente, conforme a invocação feita, implementando efetivamente os serviços de gerenciamento. Recebe a denominação correspondente ao bloco de função a que pertence, ou seja, OS-MAF, NEF-MAF, MF-MAF e QAF-MAF.

MF-MAF - Mediation Function - Management Application Function: presente no MF para suportar os papéis de agente e gerente do MF.

OSF-MAF - Operations System Function - Management Application Function: presente para suportar funções de gerência das mais simples às mais complexas. Algumas das funções de gerência no OSF-MAF são correlação de alarmes, localização de problemas, estatísticas, análise de performance, etc.

NEF-MAF - Network Element Function - Management Application Function: presente no NE para suportar o papel de agente.

QAF-MAF - Q Adaptor Function - Management Application Function: presente no QA para suportar o papel de agente e gerente.

WSSF - WorkStation Support Function: necessário para a implementação da função WSF.

UISF - User Interface Support Function: transforma informações de usuário para o modelo de informações da TMN e vice versa, além de tornar o modelo de informação disponível em um formato visível na interface homem-máquina. A interface homem-máquina pode ser uma tela de uma estação, uma impressora ou outro dispositivo.

MIB - Base de Informação de Gerenciamento: repositório conceitual das informações de gerenciamento. Representa o conjunto de recursos gerenciados dentro de um sistema gerenciado. Sua estrutura de implementação não está sujeita a padronização dentro da TMN.

ICF - Interface Convergence Function: traduz o modelo de informação de uma interface para outra. Pode fazer alterações a nível sintático e/ou semântico, sendo obrigatório nos blocos MF e QAF.

MCF - Message Communication Function: associada com todos os blocos funcionais que possuem interface física, provê o meio para se trocar informações entre entidades pares através de uma pilha de protocolos. Esta pilha não precisa ser necessariamente uma pilha OSI de 7 camadas. Conforme o ponto de referência ao qual está associado, recebe a denominação MCFqx, MCFf ou MCFx.

DCF - Data Communication Function: provê funções de roteamento e interconexão, através da implementação das camadas 1 a 3 do modelo OSI.

DSF - Directory System Function: necessário para a implementação do serviço de diretório na TMN. O diretório utilizado na TMN é baseado na X.500. Note que existem várias recomendações do ITU-T sobre os diversos aspectos do serviço diretório. Um diretório contém informações sobre sistemas e quais associações podem ser feitas com estes, detalhes destas associações, detalhes de contexto de aplicações, detalhes de segurança, lista de objetos gerenciados, classes suportadas, etc..

DAF - Directory Access Function: necessário para acesso aos diretórios. É obrigatório no OSF e pode também ser necessário no WSF, MD, QAF e NEF, dependendo se eles se utilizam do serviço diretório.

SF - Security Function: necessário para prover segurança aos blocos funcionais. Os serviços de segurança são autenticação, controle de acesso, confidencialidade de dados e integridade de dados. Os detalhes acerca destes serviços de segurança são dados na X.800.

4.4.1.3. Pontos de Referência

Define os limites entre os serviços de dois blocos de função de gerência. A finalidade dos pontos de referência é identificar a passagem da informação entre blocos de função, permitindo acesso às informações trocadas entre estes blocos.

Existem três classes de pontos de referência:

a) classe q - entre OSF, QAF, MF e NEF

b) classe f - para ligação de estações de trabalho (ou WSF)

c) classe x - entre OSF´s de duas TMN´s ou entre uma OSF de uma TMN e um bloco funcional com funcionalidade equivalente de outra rede.

São definidas ainda outras duas classes de pontos de referência que não pertencem à TMN mas também são muito importantes:

d) classe g - entre a estação de trabalho e o usuário

e) classe m - entre QAF e entidades não TMN.

Figura 4.5: Pontos de referência TMN

4.4.1.4. Função Comunicação de Dados (DCF)

Fornece os meios necessários para o transporte de informações entre os blocos funcionais da TMN. Pode prover roteamento, retransmissão e interfuncionamento de funções. A DFC fornece as funções das camadas 1, 2 e 3 do modelo OSI e pode ser suportada por diferentes tipos de subredes, como X-25, MAN, LAN, SSCC n° 7, RDSI ou SDH.

4.4.2. Arquitetura Física

Define os blocos construtivos e as interfaces que permitem interligá-los. Estes blocos representam implementações físicas de funcionalidaades (blocos de funções) da TMN.

Os blocos construtivos da arquitetura física TMN são os seguintes:

Rede de Comunicação de Dados (DCN): é uma rede de dados que utiliza protocolos padronizados (deve, sempre que possível, seguir o modelo OSI) e permite a comunicação dos elementos de rede com os sistemas de suporte à operação. Pode ser composta de várias sub-redes de comunicação de dados, como X-25, RDSI, LAN, etc.

Elementos de Rede (NE): bloco que corresponde às entidades de telecomunicações (equipamentos ou facilidades) que são efetivamente monitorados e/ou controlados. É importante distinguir duas classes de funções que podem estar contidas numa NEF:

Sistema de Operação (OP): engloba as funções que permitem realizar o processamento e o armazenamento das informações relacionadas com a operação, a administração a manutenção e o provisionamento das redes e serviços de telecomunicações.

Dispositivo de Mediação (MD): é o bloco que age sobre as informações trocadas entre os NE e os OS, visando tornar a comunicação mais transparente e eficiente. Pode envolver várias categorias de processo:

Estações de Trabalho (WS): é o bloco que engloba os recursos para o acesso de operadores aos blocos NE, OS e MD. Este terminal deve ser capaz de traduzir o modelo de informação usado na TMN, disponível no ponto de referência f, em um formato apresentável ao usuário, no ponto de referência g.

As funções das WS devem prover ao usuário do terminal as funções gerais para executar entrada e saída de dados. Geralmente incluem:

Adaptador Q (QA): permite a interconexão de equipamentos ou interfaces não TMN às interfaces Qx ou Q3.

4.4.2.1. Protocolos de Comunicação para Interface Q3

A interface Q3 é aquela caracterizada por se localizar no ponto de referência q3, situado entre o Sistema de Suporte às Operações (OS) e os Elementos da TMN que realizam interface com ele.

Para que o transporte destas informações ocorra (através da DCN) de maneira satisfatória e eficiente, existem algumas famílias de protocolos para o transporte de dados padronizadas e recomendadas para a interface Q3. A figura abaixo nos mostra uma visão geral dos vários perfis (para as camadas inferiores do modelo OSI) recomendados. Basicamente, o que uma camada inferior deve fazer é prover suporte às camadas superiores. Recomenda-se, para o caso da interface Q3, que o conjunto de aplicações TMN com necessidade de protocolos similares sejam suportados por uma única seleção de protocolos para as camadas 4 a 7 do modelo OSI. Podem ser necessárias opções para as camadas 1 a 3, de modo a permitir o transporte mais eficiente em cada caso. Também é importante observar que a camada de aplicação (camada 7) é comum a qualquer família de protocolos, pois é a base para se assegurar a interoperabilidade.

Os perfis para as camadas inferiores são classificados em duas categorias: serviços orientados à conexão (CONS) e serviços não orientados à conexão (CLNS), sendo que estes podem assumir vários perfis (CONS1, CONS2, CLNS2, etc) conforme veremos a seguir.

4.4.2.2. Serviços Orientados à Conexão

Figura 4.6: Protocolos das Redes de Suporte Orientadas à Conexão

4.4.2.2.1. CONS 1

Serviço Orientado à Conexão usando o Protocolo X.25.

É aplicado no ponto de referência entre a Rede Pública de Comutação de Pacotes e o OS/MD/QA/NE, que se comunicam com os OS's instalados na Rede Pública de Comutação de Pacotes ou na Rede Digital de Serviços Integrados (RDSI).

Os protocolos utilizados são os seguintes:

4.4.2.2.2. CONS 2

Serviço Orientado à Conexão utilizando-se o serviço de suporte modo pacote sobre o canal D (16 kbps) da RDSI.

É aplicado no ponto de referência entre a RDSI e os OS/MD/QA/NE, que se comunicam com os OS's instalados na RDSI ou na Rede Pública de Comutação de Pacotes.

Os protocolos utilizados neste perfil são:

4.4.2.2.3. CONS 3

Serviço Orientado à Conexão utilizando-se o serviço de suporte modo pacote sobre o canal B (64 kbps) da RDSI.

Os protocolos utilizados neste perfil são:

4.4.2.2.4. CONS 4

Serviço Orientado à Conexão que se utiliza o serviço de suporte modo circuito, de forma irrestrita, sobre o canal B (64 kbps) da RDSI.

4.4.2.2.5. CONS 5

Serviço Orientado à Conexão utilizando-se a MTP e o SCCP do SSCC#7.

Os protocolos utilizados neste perfil são:

4.4.2.2.6. CONS 6

Serviço Orientado à Conexão utilizando-se o protocolo X.25 sobre uma rede local

É aplicado ao OS/MD/QA/NE que está conectado ao ponto de referência numa rede local (LAN) orientado à conexão.

Os protocolos utilizados são:

4.4.2.3. Serviços Não Orientados à Conexão
Figura 4.7: Protocolos das Redes de Suporte Não Orientadas à Conexão

4.4.2.3.1. CLNS 1

Serviço Não Orientado à Conexão usando rede local do tipo CSMA/CD

É aplicado no ponto de referência entre a Rede Local e os OS/MD/QA/NE, que se comunicam com os OS's instalados em Rede Local ou na PSPDN.

Os protocolos utilizados são:

4.4.2.3.2. CLNS 2

Serviço Não Orientado à Conexão utilizando-se IP (Internetwork Protocol) sobre o protocolo X.25.

É aplicado no ponto de referência entre a Rede Pública de Comutação de Pacotes e os OS/MD/QA/NE, que se comunicam com os OS's instalados em rede local.

4.4.2.4. Protocolos das Camadas Superiores

Para os protocolos das camadas superiores, deve-se considerar dois tipos de aplicação envolvidas: serviços transacionais e transferência de arquivos.

4.4.2.4.1. Camada de Transporte

Para uso sobre serviços de rede orientados à conexão

Os serviços de transporte para o serviço de rede orientado à conexão devem estar dentro do recomendado pela X.214 e pela ISO 8072 (dentro do que se aplica ao Serviço de Rede Orientado à Conexão). É também necessário que o protocolo de transporte esteja conforme a X.224 e a norma ISO 8073. Deve suportar as classes de serviços 0, 2 e 4, sendo que quando a 4 for exigida, deve-se suportar as classes 0 e 2.

Para uso sobre serviços de rede não orientados à conexão

Para os serviços de rede não orientados à conexão, o serviço de transporte deve estar de acordo com as normas ISO 8072 e ISO 8072/AD2. A operação do protocolo da camada de transporte sobre o serviço de rede não orientado à conexão, como descrito na norma ISO 8348/AD1, deverá usar os elementos da norma ISO 8073/AD2, operação classe 4, sobre o serviço de rede não orientado à conexão (observação: o suporte da operação classe 4 da norma ISO 8073/AD2 é obrigatório).

4.4.2.4.2. Camada de Sessão

Os serviços e protocolos da camada de sessão devem estar de acordo com as normas ISO 8326 e 8327. O protocolo da camada de sessão deve estar de acordo com a definição de protocolos da X.225 e da norma ISO 8327, sendo o suporte à versão 2 deste documento obrigatória. No caso de aplicações transacionais, as unidades funcionais requeridas são Kernel e Duplex. Já para aplicações envolvendo a transferência de arquivos, as unidades funcionais requeridas são Kernel, Duplex, Resynchronize e Minor Synchronize.

4.4.2.4.3. Camada de Apresentação

Os serviços da camada de apresentação devem estar em conformidade com o especificado nas normas X.216 e ISO 8822. É requerida a unidade funcional Kernel, e seus protocolos devem estar de acordo com os especificados na X.226 e na ISO 8823 (modo normal).

4.4.2.4.4. Camada de Aplicação

Vários ASE's são utilizados no perfil de protocolos da camada de Aplicação, dentre eles o ACSE, ROSE, CMISE e FTAM, já descritos no capítulo sobre Modelo OSI. Esta camada será mais detalhada no capítulo sobre Gerenciamento OSI.

Figura 4.8: Protocolos das Camadas Superiores

4.4.2.5. Protocolos de Comunicação para Interface Qx

A interface Qx é caracterizada por aquela porção do modelo de informação que é compartilhada entre o dispositivo de mediação (MD) e os elementos de rede (NE). Desta forma, a interface Qx deve suportar a transferência de dados bidirecionais para o gerenciamento de sistemas de telecomunicações, sem se preocupar com a estrutura ou o significado das informações de gerenciamento transmitidas nem com a maneira na qual o gerenciamento é obtido como um resultado das trocas de protocolos de aplicação. A idéia aqui é definir os perfis dos serviços e dos protocolos das camadas, os elementos de serviço de aplicação e seus respectivos protocolos e a função de mapeamento dos serviços e dos protocolos devido à ausência das camadas subjacentes (apresentação, sessão e transporte).

A estrutura dos perfis de protocolos é mostrada na figura abaixo. Os serviços e protocolos de comunicação seguem o modelo de referência OSI. São definidos dois perfis de protocolos, A1 e A2, sendo que não existem as camadas de apresentação, sessão e transporte. Devido à eliminação destas camadas, existe a necessidade de se utilizar uma função de mapeamento da camada de aplicação para a camada de rede.

Figura 4.9: Protocolos da Interface Qx

4.4.2.5.1. Perfil A1

Camada Física

A definição de serviços para a camada física está de acordo com a recomendação CCITT X.211. As classes de serviços que devem ser suportadas são as seguintes:

Além disso, deve fornecer facilidade de ativação e desativação da interface física e transmissão de dados.

Camada de Enlace

A definição do serviço da camada de enlace deve estar conforme a recomendação CCITT X.212. A classe de serviço é o modo orientado à conexão e o protocolo utilizado é o HDLC síncrono. Deve ser oferecido o serviço de estabelecimento, liberação e transferência de dados.

Camada de Rede

A definição dos serviços de rede no modo não orientado à conexão deverá estar de acordo com a ISO 8473. Este protocolo é definido para acomodar uma variedade de funções em diferentes configurações de sub-rede. A única diferença entre o protocolo da camada de rede do perfil A1 para o perfil A2 é que no perfil A2 não existe a necessidade de se utilizar a função de convergência especificada na ISO 8473 AD3.

A Função de Convergência deve estar de acordo com as normas ISO para o serviço subjacente previsto pela norma ISO 8473, sobre sub-redes que provêem o serviço de enlace de dados OSI nos modos orientados e não orientados à conexão. Os conjuntos de funções de convergência definidos são:

O procolo utilizado deve estar de acordo com a ISO 8473, mas existem ainda dois subconjuntos de protocolos: Protocolo Inativo de Camada de Rede (Inactive Network Layer Protocol) e o Protocolo sem Segmentação da Camada de Rede (Non-Segmenting Network Layer Protocol).

O Protocolo Inativo de Camada de Rede é utilizado quando se tem conhecimento de que os sistemas terminais estão conectados por uma única sub-rede e de que não é necessária nenhuma função de protocolo completo para prover o serviço de rede no modo não orientado à conexão.

O Protocolo Sem Segmentação é utilizado quando se tem conhecimento de que os sistemas terminais estão conectados em sub-redes distintas e de que o tamanho da unidade de dados é tal que não é necessária a segmentação.

4.4.2.5.2. Perfil A2

Camada Física

A definição dos serviços para a camada física do perfil A2 deve estar de acordo com o especificado na cláusula 6 da norma ISO 8802-3. A taxa de transmissão deve ser de 10 Mbps. O sistema de cabeamento poderá utilizar uma das três opções das listadas abaixo:

Camada de Enlace

A camada de enlace deve prover o serviço modo sem conexão e com reconhecimento. O método de acesso empregado deve ser o CSMA/CD. O Controle de Acesso ao Meio (MAC) deve estar de acordo com o especificado na norma ISO 8802.3. A definição do serviço modo LLC (Controle de Enlace Lógico) sem conexão com reconhecimento (tipo 3) deve estar de acordo com o especificado na norma ISO 8802.2/DAD2.

Camada de Rede

A camada de rede do perfil A2 deve possuir as mesmas características da camada de rede do perfil A1, com exceção da utilização da função de convergência.

Visão Global da Função de Mapeamento

Na interface Qx, as camadas de Transporte, Sessão e Apresentação não são especificadas. Em seu lugar, é definida uma Função de Mapeamento para prover o serviço requerido para a camada de aplicação sobre o serviço fornecido pela camada de rede. Nenhum protocolo para a Função de Mapeamento é definida.

A definição do serviço da Função de Mapeamento, a qual provê o serviço de apresentação requerido à camada de aplicação, deverá estar de acordo com a X.216. A Função de Mapeamento deve prover o serviço de apresentação P-DATA, com as primitivas de solicitação e indicação. Quando o ACSE for suportado na camada de aplicação, a função de mapeamento deve prover os serviços de apresentação P-CONNECT, P-REALEASE, P-U-ABORT E P-P-ABORT.

Camada de Aplicação

A camada de aplicação de gerenciamento de redes proverá o serviço do CMISE ao NM-ASE. Os elementos de serviço de aplicação requeridos para este serviço são o CMISE e o ROSE. Algumas aplicações podem requerer a adição do ACSE. As principais características dos elementos da camada de aplicação são idênticas às definidas para a interface Q3.
 

4.4.3. Arquitetura de Informação

4.4.3.1. Introdução

A arquitetura de informações descreve um modelo orientado a objeto para a modelagem da
informação de gerência trocada entre blocos funcionais da TMN. Desse modo, a arquitetura de
informação possui os fundamentos para a utilização dos princípios e conceitos do gerenciamento de
sistemas OSI, como agente/gerente, domínios e conhecimento de gerenciamento compartilhado,
necessários para a organização e o interfaceamento de sistemas de gerenciamento complexos.

Uma aplicação de gerência é uma atividade na qual ocorre um processamento de informações de forma
distribuída entre dois ou mais processos cooperantes que trocam informações entre si. Esta troca de
informações baseia-se em um sistema gerenciador (controle e monitoração) e um sistema gerenciado
(recursos físicos ou lógicos). Para que haja possibilidade de troca de informações entre os dois
sistemas (agente/gerente), existe a necessidade de uma visão compartilhada das informações de
gerência trocadas e das regras de comunicação empregadas.

Para se garantir a perfeita operabilidade das comunicações agente/gerente, faz-se uso do modelamento
das informações trocadas entre os sistemas em termos de objetos gerenciados. Um objeto gerenciado
é uma abstração de um recurso físico ou lógico de um sistema gerenciado, definido através de suas
características inerentes, ou atributos (ATTRIBUTES), operações de gerenciamento que suporta
(ACTIONS), notificações que emite (NOTIFICATIONS) e do seu comportamento (BEHAVIOUR)
diante de estímulos externos e internos.

Figura 4.10: Objetos e Recursos Gerenciados

O conjunto de todos os objetos de um sistema gerenciado, juntamente com suas propriedades
(atributos, operações, notificações, etc), define a MIB (Management Information Base) do seu sistema.

4.4.3.2. Agentes e Gerentes

Conforme foi dito anteriormente, uma aplicação de gerência é baseada na troca de informações entre
um agente e um gerente, sendo que cada um possui as seguintes características:

* agente: coleta informações relativas ao funcionamento dos objetos que gerencia, armazena estas
informações na MIB e realiza operações de gerenciamento sobre estes objetos atendendo a
solicitações enviadas pelo gerente

* gerente: coleta informações sobre os objetos gerenciados junto aos agentes, processa as
informações e solicita aos agentes que executem as funções de gerenciamento a fim de controlar o
funcionamento do objeto gerenciado

Figura 4.11: Conceito de Gerente/Agente

Como pode ser visto na figura 4.10, toda interação realizada entre agente e gerente é abstraída em
termos de operações e notificações trocadas entre eles. Esta troca de operações e notificações é
realizada sempre através do Serviço e Protocolo de Informações de Gerenciamento Comum
(CMIS/CMIP), conforme mostrado na figura 4.11.

 Figura 4.12: Comunicação Agente/Gerente

O CMIP comporta vários tipos de PDU's (Protocol Data Unit) que são mapeadas em operações
equivalentes sobre os objetos gerenciados, os quais representam os recursos gerenciados. Estas PDU's
são basicamente as seguintes:

     M-GET: executa a leitura dos atributos de objetos gerenciados;
     M-SET: executa a modificação dos atributos de objetos gerenciados;
     M-ACTION: executa uma ação qualquer sobre um objeto gerenciado;
     M-CREATE: cria uma instância de um objeto gerenciado;
     M-DELETE: remove uma instância de um objeto gerenciado;
     M-EVENT-REPORT: emite uma notificação sobre a ocorrência de um evento associado a um
     objeto gerenciado.

Além destas mensagens de protocolos, são definidas facilidades adicionais que permitem selecionar o
grupo de objetos sobre o qual é aplicável uma dada operação. A facilidade denominada escopo nos
permite selecionar um grupo de instâncias de objetos sobre os quais é realizada uma única operação. A
facilidade de filtro, por sua vez, permite definir um conjunto de testes aplicáveis a um grupo de
instâncias de objeto, anteriormente selecionado através da facilidade de escopo, de modo a extrair um
subgrupo ainda menor sobre o qual deve ser efetuada uma operação de gerenciamento. Por último, há
a facilidade de sincronização, que permite sincronizar várias operações de gerenciamento a serem
realizadas sobre instâncias de objetos selecionadas através das facilidades de escopo e filtro.

4.4.3.3. Modelo de Informação

O modelo de informação é um recurso utilizado para descrever as informações (dados +
comportamento) relativas ao sistema, independentemente do modo como estas são armazenadas ou
utilizadas.

Os principais objetivos da utilização do modelo de informação como descritivo do sistema são:

     identificar e descrever os dados necessários a um sistema de informação de uma forma clara e
     completa;
     suportar o projeto de novos sistemas de informação;
     suportar a integração de modelos de dados preservando a consistência dos mesmos;
     assegurar uma arquitetura de dados que possibilite o desenvolvimento de sistemas integráveis ao
     invés de sistemas que duplicam os dados existentes;

O modelo de informação define a estrutura lógica da informação de gerência. A informação de gerência
é modelada em termos de objetos gerenciados, seus atributos, operações de gerenciamento que
suporta e as notificações que pode emitir. Também deve descrever os princípios de nomeação dos
objetos e dos atributos, de forma que estes possam ser identificados e acessados pelos protocolos de
gerenciamento [X.720].

Esta técnica de modelagem de informação pode ser utilizada para representar qualquer informação
contida e/ou exteriorizada por um sistema de informação, por exemplo, para descrever a informação
contida em uma base de dados.

É interessante observar que a modelagem de informação acrescenta um nível a mais de abstração do
que aqueles que trabalhamos normalmente no desenvolvimento de sIstemas de informação (projeto
lógico e projeto físico). Isso implica em uma separação por "assuntos", ou seja, o modelo de
informação (que representa o conhecimento) é separado da representação lógica (esquemas relacionais
ou hierárquicos), que por sua vez é separado da representação física. O modelo de informação deve
abstrair das tecnologias de armazenamento e utilização da informação, assim como os programas
devem abstrair das linguagens e arquiteturas de computadores.

O modelo de informação é baseado em objetos gerenciados, que são abstrações dos recursos (físicos
ou lógicos) a serem gerenciados. As operações de gerenciamento a serem efetuadas sobre os recursos
físicos, na realidade são realizadas sobre os objetos gerenciados. O efeito destas operações realizadas
na MIB devem ser refletidas no recurso gerenciado (equipamento de telecomunicações), de forma que
a operação de gerência seja efetuada completamente (tanto na MIB como no equipamento). É
importante observar que se um recurso a ser gerenciado não for representado por um objeto, ele será
invisível ao gerenciamento. A forma de interação entre o objeto gerenciado e seu recurso físico
associado não faz parte do padrão.

Caracterizando-se os objetos gerenciados, veremos que existem vários objetos que compartilham as
mesmas definições, mesmos atributos, etc. Estes objetos com características semelhantes podem ser
agrupados em uma classe. As classes são definidas como uma coleção de pacotes (packages), cada
um definido como uma coleção de atributos, operações, notificações e comportamento. Estes pacotes
podem ser mandatórios ou condicionais, baseados em alguma condição de estado. Temos então que
um objeto gerenciado é um caso particular de uma classe, ou seja, podemos dizer que um objeto é uma
instância de uma classe.

A definição de uma classe consiste de:
 

A forma como estas definições são dispostas (sintaxe) seguem os padrões GDMO (Guidelines for
Definition of Managed Objects) e ASN.1 (Abstract Syntax Notation One).

4.4.3.4. Conhecimento de Gerência Compartilhado (SMK)

Cria um contexto para troca de informações entre um gerente (realiza operações) e um agente (envia
notificações) da rede de gerência, de forma a permitir a interoperabilidade na comunicação dos
sistemas numa aplicação de gerência, usando para tanto os mesmos protocolos e com um
conhecimento comum sobre os objetos gerenciados.

4.4.3.5. Domínio de Gerência

Organização dos objetos gerenciados em conjuntos, divididos segundo critérios operacionais,
tecnológicos, geográficos e até políticos.

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